terça-feira, 15 de novembro de 2011

O que é mais difícil: Ter opinião, manifestar a opinião, manter ou mudar de opinião?

Ontem sai para comemorar os meus 17 anos de união com a Márcia, pegamos a Renata na rodoviária, após passar uns dias em Canela com as amigas, e fomos jantar. Dizem que comer muito a noite faz a gente ter pesadelo. Que engorda eu sei, hehehe, muitos destes meus kg a mais se devem a minhas comilanças noturnas. Porém passei a noite inteira tendo pensamentos, espécie de “sonhos” ou “pesadelos” sobre o título desta postagem.

           "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser,mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
(Voltaire)

Programei uma arrumação das minhas coisas para hoje, mas minha mente não sossega enquanto não escrevo essas minhas viagens. Tenho mais de uma dezena de postagens para serem publicadas, opiniões e mais opiniões sobre os mais diversos assuntos, porém meu perfeccionismo não deixa publicá-las enquanto não estão de acordo com o nível mínimo que exijo para serem lidas, portanto, dá um trabalho danado escrever uma postagem, ainda mais para mim que não tenho poder de síntese.  Porém se não escrever essa e publicar parece que terei uma semana de pesadelos pela frente. Êta mente doentia.

"Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender."
(Alexandre Herculano)

Sempre fui uma pessoa de opinião, e fiz questão de expor elas. Minha avó, lá do Alegrete, quando vinha nos visitar, ás vezes ficava um pouco incomodada com a mania que eu tinha de me meter na conversa dos adultos e dar opinião. Ela achava aquilo uma falta de educação, criança dando palpite na conversa de adultos.
Foram inúmeras as vezes que arranjei encrencas ou passei por momentos embaraçosos, não por ter opinião, porque enquanto ela está apenas em sua mente, dificilmente causa problemas, mas quando ela resolve sair, aí começam os embaraços. Principalmente quando contrariam a opinião do teu interlocutor. Talvez por isso, a maioria das pessoas tenha opinião, mas prefira guardar para si, ou comentar apenas depois em Off.

"Uma coleção de baionetas ou de guilhotinas é tão incapaz de deter uma opinião como uma coleção de moedas de ouo é incapaz de deter a gota"
(Sthendhal)

Nos grupos em que interagi, não raro ganhei o título de polêmico por expor a minha opinião. Algumas vezes, sabedores desta postura, “esqueciam” de me convidar para conversar sobre determinado assunto, principalmente quando alguém gostaria que se fizesse algo sem muito questionamento.
Para poder defender minhas opiniões, tive que desenvolver a habilidade da argumentação, fazendo um demorado exercício de alto conhecimento do porque de tomar essa ou aquela decisão, ou de concordar com isso ou aquilo. Isso acontece principalmente quando tenho uma opinião fora do padrão, ou seja, diferente do que pensa a maioria das pessoas.

Imagine-se nesta situação: Você refletiu, pensou, estudou, elaborou e firmou convicção de sua posição, porém, uma grande parte dos demais pensa diferente, e aí você precisa ter uma gama de argumentos gigantesca, pois, mesmo que eles tenham a mesma opinião entre si, os motivos porque chegaram àquela conclusão não são os mesmo, uns são mais elaborados, outros são mais superficiais, e não raro, alguns nem sabem por que defendem aquela opinião. Aí fica o “louco” lá no meio tomando um monte de porrada por “esticar” a conversa. Mesmo assim sempre preferi expor minha opinião que me omitir.

"O fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata."
( Bertrand Russell )

E a lógica? Imagine que você use a lógica para formar uma opinião, aí a coisa complica mesmo, pois vivemos em um país gigante, com múltiplas culturas, etnias e hábitos, desenvolvidos a partir das peculiaridades locais de um país continental com diferentes países dentro de um só, e aquilo que para mim é normal, pode não ser para quem mora lá no interior, na Amazônia ou no sertão nordestino. Sem falar no “jeitinho brasileiro” que é a nossa cultura nacional de interpretar o “certo” ou “errado”.
Não somos obrigados a ter opinião. Às vezes não pensamos sobre o assunto e, portanto não firmamos posição sobre ele. Isso é muito comum, a vida é muito dinâmica e todos os dias nos deparamos com situações cotidianas, mais ou menos importantes, que são debatidas nos nossos grupos sociais, família, escola, trabalho e que alguém olha para você e pergunta: Qual sua opinião sobre isso? São as cotas raciais, a invasão da USP, demissão do ministro, contratação do Ronaldinho, invasão do Iraque, morte do Kadafi, o teste do bafômetro, enfim, uma série de assuntos e nem sempre temos todos os instrumentos para formar opinião, e principalmente um deles, informação e conhecimento. Nestes casos eu sempre procuro pensar melhor antes de opinar, ou digo: Olha, levando em consideração as informações que tenho, minha opinião é essa, porém posso mudar amanhã ou após uma analise mais aprofundada.

Eu jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. Porém, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes eu quisesse."
( Friedrich Nietzsche )


Mudar de opinião. Se for dizer o que foi mais difícil de aprender, sem dúvida foi a mudar de opinião, pois depois de firmar convicção, defender essas convicções com todas as suas forças, chegar a conclusão de que não estava certo, ou que havia falhas em sua forma de pensar é algo muito difícil, pois temos que fazer todo o processo de novo, refletir, pensar, estudar, elaborar, firmar convicção e depois reconhecer. Como admitir que estava errado? Aí reside a grande questão, pois para firmar posição usamos algumas características pessoais mais fáceis de utilizarmos, como inteligência, coragem, orgulho, porém para reconhecermos que estávamos errados, precisamos utilizar a humildade e essa é uma característica muito mais difícil de exercitar.
É duro reconhecer que estava errado, porém, se queremos ter nossas opiniões respeitadas, e ter credibilidade para opinar, precisamos ter altivez na hora de reconhecer que também erramos e que nem sempre nossas opiniões estão certas.

"Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo"
(Raul Seixas)




domingo, 6 de novembro de 2011

Como é jogar em um time com craque

Comecei muito cedo na política, era adolescente, e conheci muitos craques da política, o que considero um grande privilégio. Pois política é semelhante ao futebol, os partidos são agremiações, assim como os clubes de futebol, os parlamentares e dirigentes são os times e a torcida são os filiados que optam por militar em um partido político, e assim, como no futebol, existem uns mais apaixonados do que os outros.
No início de minha militância, no MR8, hoje o recém criado PPL – Partido da Pátria Livre, éramos poucos, mas aguerridos militantes, era uma organização de quadros, e não tínhamos nenhum parlamentar no Rio Grande do Sul, o que fazia de nossa militância, ainda mais sacrificada, pois não tinha cargos para dividir, militávamos pelo espírito revolucionário, tendo o líder Argentino Che Guevara como inspiração. Hoje, já sou avô e a imagem de Che continua decorando a sala de minha casa (Fotografia que recebi dos amigos Cibele e Régis como presente de aniversário) e seus ideais revolucionários ainda inspiram minha conduta pessoal e minha filosofia de vida.
Ganhei essa foto dos Amigos Regis e Cibele, ela foi adquirida por eles em uma viagem a CUBA e me foi presenteada no dia de meu aniversário. Mantenho ela na estante de minha sala com todo o carinho. Detalhe: Che com uma máquina fotográfica
Na década de 90 ingressei no PDT do também revolucionário Leonel Brizola, uma pessoa que ocupa, com toda a certeza, o Olimpo da política. Brizola era um fora de série, um homem adiante do seu tempo, Brizola era um gênio da política. O PDT um partido de massas, herdeiro legítimo do trabalhismo de Getúlio Vargas, outro ícone da política. Brizola era mais que um craque, era um Pelé, e quando ele acertava levava o PDT, seu time, as alturas. Quando ele não decidia a partida, o time passava por dificuldades. No PDT pude conviver com pessoas que passaram uma vida inteira militando em um único partido, do velho PTB ao PDT, ou seja, sempre torceram pelo mesmo time. Também conheci no PDT, os Brizolistas, fiéis seguidores dos ideais e do próprio Brizola. Eu mesmo me tornei um deles.
Um dia deixei a política partidária e só voltei e me filiar em um partido político após mais de 10 anos, e a escolha foi o PSB, o segundo partido mais antigo do País, fundado em 1947. As convicções socialistas me direcionaram para esta escolha, mas também a afinidade com uma das principais lideranças do PSB, o Deputado Federal Beto Albuquerque, atual secretário da Infraestrutura do Estado do RS.
“As palavras convencem,
 mas os exemplos arrastam!”
Impressionante como acabamos nos motivando mais com as pessoas do que com os manifestos. Às vezes fico imaginando quantos dos filiados do PSB nunca leram o manifesto do partido, onde consta a filosofia e os ideais partidários, e assim acontece com todos os milhares de filiados de todos os partidos, imagino até, que muitos sequer se filiariam aos seus partidos caso tivesse que ler e seguir o ideário partidário. (Para conhecimento, segue aí o Manifesto do PSB, tenho certeza de que se lerem, muitos irão se identificar  http://www.psbnacional.org.br/fixa.asp?det=1 ), talvez o que explique esse fenômeno seja a mensagem contida em uma frase que utilizo muito em minha vida que diz o seguinte: “As palavras convencem, mas os exemplos arrastam!” e por isso acabamos seguindo aqueles que nos transmitem bons exemplos.
No futebol, a torcida cresce à medida que o time ganha. Nas décadas de 80 e 90 o Grêmio conquistou importantes títulos e isso fez com que a sua torcida crescesse tanto, a ponto de superar a colorada, até então a maior torcida gaúcha, após uma década de 70 memorável. Todos nós, torcedores, devemos ter em nossa memória algum ídolo, um craque, que de tamanha empatia com o torcedor, enchia os estádios e ajudava a ampliar a torcida. Poderia citar Falcão, Figueroa, Dada, Gabiru (hehehe) e Fernandão no inter, Anchieta, Everaldo, Lara, Renato, Adilson, Darlei e tantos outros no Grêmio, além de Pelé, Zico, Garrincha, Romário, Kaká, por esse Brasil a fora. Com esses craques, seus times alcançaram vitórias, títulos, e fizeram crescer suas torcidas.
É assim na política, quando o PDT tinha Brizola, Darci Ribeiro e tantos outros, crescia sem parar. No meu novo partido é assim também, é um partido que cresce no Brasil inteiro, e foi o partido que mais cresceu na última eleição, elegendo 6 governadores, tendo a frente o Governador de Pernambuco,  Eduardo Campos, presidente nacional do PSB. Aqui no Rio Grande do Sul, também, elegendo o Vice-governador, Beto Grill, 3 deputados Estaduais e 3 Federais, dentre eles o Deputado Beto Albuquerque o segundo deputado mais votado do estado, eleito com mais de 200.000 votos (Não por coincidência Manuela – PC do B e Beto - PSB, juntos, fizeram mais de 700.000 votos).
Brizola, um Pelé da política, um gênio, um homem adiante de seu tempo, e Beto Albuqerque, uma jovem e promissora liderança política. Porto Alegre - 23/03/1998
Nesta mesa estavam ainda: Milton Zuanazzi, Wilson Muller, Sereno Chaise e Dilma Rousseff 
Já admirava o Beto antes de ingressar no PSB, e essa admiração só cresceu a partir de ser teu companheiro e poder trabalhar ao seu lado. Pude consolidar essa admiração, vendo a seriedade e a grande dedicação com que ele executa suas funções públicas. Ele é um militante dedicado do PSB, quase todas as lideranças do partido têm uma história para contar de seu companheirismo, de sua parceria.
Em uma reunião partidária, pude escutar o Vice-governador, Beto Grill, relatar como pode contar com o Beto quando foi candidato a governador em 2006. Dizia ele: “Quando somos convidados para missões como a minha candidatura a governador em 2006, candidatura com poucas chances, porém importante para o crescimento partidário, ás vezes nos sentimos sozinhos, campanha com muitas dificuldades, e quando estávamos lá no interior, cidade pequena, falando para um pequeno grupo,  era uma felicidade quando o Beto chegava, pois ele nos motivava. O partido me concedeu a missão e ele estava lá, sempre ao nosso lado, apoiando, incentivando, comparecendo e ajudando a construir essa caminhada de sucesso que o PSB vem construindo”.
Beto é um craque, com ele o PSB vence, e fez crescer sua torcida, seus filiados; A cada ano, pessoas como eu, ingressam no PSB, motivados e acolhidos pela liderança de Beto. Acho que nenhuma liderança do PSB ingressou no partido, sem antes ter sido convidado ou acolhido por ele. E isso é natural, pois pessoas como ele, assim como no futebol, nascem com um talento, um dom, e com inteligência e oportunidade, vão desenvolvendo com o tempo e ficando cada vez melhores.

Minha admiração pelo Beto só aumentou quando passei a ser seu companheiro de partido e de trabalho, embora possa parecer lógico, geralmente o que ocorre é o contrário, pois, ao se aproximar das pessoas, seus defeitos ficam mais visíveis aos nossos olhos.
Beto é uma pessoa diferenciada e faz valer na prática uma frase que ele profere com freqüência:
”A política só vale a pena, quando melhora a vida das pessoas”
Mas os craques são inquestionáveis? Claro que não! Por melhor que ele seja, sempre haverão contestações, e na política, às vezes ocorre o inverso, quanto mais crescerem, quanto mais melhorarem, aí é que serão criticados, serão atacados. A política tem essa peculiaridade, o crescimento acirra a competição, a vitória incomoda os demais, e tenho presenciado isso com ele. Parece que quanto mais ele melhora, quanto mais se dedica, quanto mais cresce e é respeitado, mais começa a ser criticado, ou questionado.
Embora me indigne com essa prática de certa forma eu me acostumei com isso, pois como Brizolista, vi ele ser questionado, atacado, caluniado e difamado, cada vez que crescia, não foi atoa que ele teve seus atos políticos cassados no auge de sua vida política, e foi perseguido incansavelmente, pela Rede Globo durante toda a sua vida, após retornar do exílio, o que impediu que o povo o elegesse para presidir o Brasil.  (A militância política da imprensa é um capítulo a parte, existem grupos de comunicação que são verdadeiros partidos políticos disfarçados de empresas de comunicação, não é coincidência Collor, Sarney,  ACM, e tantos outros políticos serem proprietários de redes de rádio, TV e Jornal, e não menos coincidência a RBS eleger seus representantes, em todas as eleições)
Por mais capacitado que seja o craque, o político, por trás da imagem pública está o homem, o ser humano, que têm suas fragilidades, eu vi o Brizola errar, muitas vezes, como também vi ele acertar, mas parecer estar errado, fruto da interpretação equivocada que davam de seu posicionamento. Eu mesmo questionei a postura dele algumas vezes.

Beto Albuquerque é um político sério e que têm o reconhecimento da população. Sempre que falo nele ouço palavras de admiração e respeito pela trajetória política que ele vem construindo
Nem sempre os craques acertam, nem sempre eles decidem a partida, ás vezes são bem marcados, ás vezes não são tão brilhantes, ás vezes sofrem injustiças dos juízes, mas um campeonato é a síntese de várias partidas, entre vitórias e derrotas, e às vezes quem vence não é o que mais acerta, mas o que menos erra. Nas guerras são assim também, é a síntese de várias batalhas. Mas os campeonatos e as guerras se vencem com o conjunto da obra, com todo o time, com todo o exército, e é muito bom ter o atirador de elite, como é bom ter um craque no time, alguém capaz de decidir a partida com um lance genial.
Nas últimas semanas, nosso time vem passando por alguns problemas, e nosso craque, têm enfrentado dificuldades, e com isso toda a equipe sofre. De dentro temos outra visão do que àqueles que assistem de fora, conhecemos o homem por trás do político, conhecemos os valores pessoais e sua conduta, porém qualquer opinião proferida acaba sendo desqualificada pela proximidade.
Cabe nestas ocasiões, que sejamos solidários e unidos, que exercitemos a compreensão e a gratidão, pois é muito bom jogar em um time que têm um craque, pois a proximidade gera aprendizado e crescimento.
Por tudo isso, me sinto muito feliz e privilegiado em estar militando no PSB, pois o partido têm um bom programa, têm um bom time e uma qualificada torcida, mas têm também um craque, têm Beto Albuquerque.