terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

ELES ESTÃO DESCONTROLADOS!


Com a popularização da Internet, e a democratização da rede, transformando todos nós em potenciais formadores de opinião, começamos a ter novos fenômenos, verdadeiros personagens da vida moderna. Lembro agora, dois símbolos desta era, a adolescente Isadora Faber que criou o Diário de Classe e possui mais de 500.000 seguidores, e o jovem carioca Rene Silva Santos que possui mais de 47.000 seguidores no twitter e criou o Jornal Voz da Comunidade no complexo do Alemão.
Mas, se por um lado temos personagens de carne e osso, temos outros que não podemos tocar, um deles é o fake ("falso" em inglês), identidades falsas, por vezes utilizando-se de nomes de personalidades ou apenas ocultos por um codinome, que povoam a Internet, e que na maioria das vezes, com algumas exceções, é claro, escondem os “velhos covardes” de sempre.

A VELHA “INDÚSTRIA DO BOATO” GANHA UM IMPORTANTE ALIADO
Em um mundo onde honestidade e honra, são cada vez mais difíceis de encontrar, a Internet trouxe a massificação desses “sentimentos ocultos” dentro de cada um de nós, que acabam ganhando adeptos, seguidores e etc. Desta forma, a velha “indústria de boatos”, ganhou uma importante ferramenta, e transformou muitas “mentiras” em “verdades” e “colocou palavras” na boca de muita gente, por isso é cada vez mais raro encontrarmos informação com credibilidade.
A Política e o show business, sem dúvida, são onde a “fofoca” faz a festa, pois é notícia plantada o tempo todo. Bastou alguém colocar no twitter, facebook, em algum blog, que fulano de tal namora siclano (no caso dos artistas), ou que fulano está com o cargo por um fio (no caso da política) pronto, lá se foi a vida da pessoa pelo ralo, e como cada um que conta um conto, aumenta um ponto, o negócio toma uma dimensão, por muitas vezes desumana.

O TELEFONE SEM FIO DO SÉCULO XXI
Quando era guri brincávamos de “telefone sem fio” que funcionava assim: fazíamos uma fila, a primeira pessoa sussurrava no ouvido do companheiro ao lado, uma frase, aquele que ouviu, transmitia, também ao “pé do ouvido”, o que escutará ao companheiro do lado, e assim sucessivamente até o último, e ele teria de repetir, em voz alta o que escutou. Era muito engraçado ver o resultado, morríamos de rir, pois geralmente era uma frase bem diferente do que o primeiro falou, dependendo da complexidade da frase inicial, o resultado era inimaginável. Hoje a Internet é o nosso telefone sem fio, onde as pessoas reproduzem o que ouviram, ou viram e aí é um “Deus me acuda!”. É um morre gente, ressuscita gente, demite, admite, casa, separa, é Fake dando notícia como “fonte confiável”, é uma doideira total.

A IMPRENSA E SUAS “FONTES CONFIÁVEIS”
A estas alturas, você deve estar se perguntando onde eu quero chegar. Uns já devem estar dizendo: Lá vem o Serginho querendo censurar a Internet, controlar, botar cabresto. Nada disto! Só quero alertar para que, em tempos como agora, redobremos nossa atenção em relação às informações que nos chegam, pois até a imprensa se contamina com isso, e dá muita “barrigada” por levar em consideração “notícias plantadas”.
Para ilustrar uso três casos:
1.  Em 1993 o então Deputado Federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) foi cassado, após ter comandado o impeachment de Collor, e o pivô desta cassação foi uma matéria na revista Veja que revelou-se falsa, e que ano depois foi desmascarada. (Confiram: http://www.istoe.com.br/reportagens/11043_A+VERDADE+APARECE  Leiam também http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/um_exemplo_de_antijornalismo Coloquei as duas, pois uma contesta a versão da Veja, e a outra contesta a versão da Istoé, sobre a versão da Veja. Em qual devemos acreditar?)
2.   Durante as eleições saiu uma notícia de que havia um vídeo rodando na Internet, onde a então candidata a Prefeita, Manuela D’ávila, aparecia fumando maconha na universidade, por onde andava as pessoas falavam sobre o assunto, e uns chegaram a dizer que haviam visto o tal de vídeo, pois, revirei a Internet e não encontrei, e ninguém sabia me dizer onde encontrar. Alguém viu o vídeo e pode me indicar? Ou será que esse vídeo nunca existiu e tudo não passou de boato, plantado por seus adversários?
3.  Esta semana na ZH em uma coluna conceituada, ao comentar sobre a RS 010, a colunista publicou o seguinte texto: Beto queria ou o projeto original, ou nada. E se opôs à tentativa do governo de trazer a EBP (Empresa Brasileira de Projetos) para fazer o projeto, o que atrasou quase um ano a discussão. Ele deixou uma herança negativa – diz uma figura influente no Piratini.” Pois é, Figura influente. O que seria uma figura influente neste caso? Um Secretário? Um assessor? Um dirigente? Como alguém pode respeitar uma declaração desta importância, que faz uma acusação desta natureza, sem dar a oportunidade de, nós mesmos, avaliarmos se essa pessoa é realmente “uma figura influente no Piratini”?  Como que um jornal publica uma declaração assim? Alguém sem nome, sem cargo, anônima. Pode ser um Fake, uma notícia plantada, um intriga e também uma fofoca. Como saberemos? Notícias como essa acabam sendo comuns, e tem o único objetivo de gerar “intrigas” e “falsas crises”.

CAUTELA E CALDO DE GALINHA NÃO FAZEM MAL A NINGUÉM

Pois a política virou uma fofoca só, poderia relatar uma série de fatos para ilustrar isso, mas o certo, é que não podemos nos deixar influenciar por “informações anônimas” Se a pessoa não se apresenta, é porque não quer sustentar o que diz, e se não sustenta, é porque tem grande chance de ser mentira. Não vivemos mais na ditadura, onde a divergência era punida com tortura e morte, hoje podemos manifestar livremente nossa opinião e, portanto, o anonimato é uma “covardia”, que só se justifica em casos extremos.
Temos que redobrar nossos cuidados, pois se você leu as matérias que coloquei no caso Ibsen verá que uma desmente a versão antiga da veja, e a outra desmente a Istoé, sobre a versão da veja. Seguindo a prática de Adam Sun, autor da matéria desmentindo a istoé, falecido em 2008(http://colunistas.ig.com.br/mauriciostycer/2008/09/30/adam-sun-e-a-arte-da-checagem/?doing_wp_cron) chequei quem ele era, e percebi que trabalhou na Veja e na Época, e que não trabalhou na Istoé. Será que isso o faz suspeito para analisar a matéria da Istoé? Será que não teríamos que ter alguém para analisar e checar a matéria do Abam Sun? E outra pessoa para analisar e checar a matéria de que analisou e checou a dele? Onde pararíamos se fosse assim?
Neste momento acompanhamos as notícias sobre a blogueira cubana Yoani Sánchez. É uma guerra de versões, defesas e acusações, multiplicadas por toda a rede, vale a pena acompanhar.
Por tudo isso, precisamos tomar mais cuidado quando emitimos uma opinião, ou fazemos juízo de alguém, pois se a fonte não for de confiança e se não tomarmos o cuidado de pensar bem sobre o assunto e ouvir mais, poderemos cometer injustiças e machucar as pessoas.

"O fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata." 
( Bertrand Russell )