sábado, 9 de março de 2013

Trabalhar! Será a melhor escolha?


"Um homem é um sucesso se pula da cama de manhã, vai dormir à noite e, nesse meio tempo, faz o que gosta" (Bob Dylan)

Esta semana minha filha caçula assinou seu primeiro contrato de trabalho, um contrato de estágio, e ontem, dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, foi seu primeiro dia de trabalho. Alguns dirão, lá vem o coruja falando das filhas, mas aqueles que me conhecem sabem que, para mim, todas as coisas tem significado e de tudo tiramos um aprendizado e uma reflexão.

Nossa vida é feita de etapas, e existem momentos que jamais viveremos novamente, por isso, os filhos tenham tanto significado em nossas vidas, nós vivemos em nossos filhos, mesmo após nossa partida, e através deles podemos vivenciar alguns momentos mais de uma vez. Se eu vivenciei o primeiro dia de aula, o primeiro emprego, com minhas filhas tive mais três. Hoje, vendo minha caçula, Renata, vivendo esse momento, viajei no tempo, e além de um começo, é o fim de um ciclo, pois ela é a última a ingressar no mercado de trabalho e, portanto, não provarei deste sentimento novamente.
Quando era guri sonhava com o primeiro emprego, que geralmente era de empacotador de supermercado ou Office boy, o meu foi em uma empresa de cobranças, antes eu já tinha feito uma porção de coisas para conseguir uns trocados para levar um ki-suco para casa, mas nada como ter um salário, por menor que seja, no final do mês. Trabalhar foi sempre uma honra, pessoas de bem trabalhavam desde cedo, e quem chegava aos 18 anos e não trabalhava era chamado de vagal. Hoje é comum encontrarmos jovens de 30 anos que nunca trabalharam, apenas estudam, e estão aguardando para serem chamados em alguns dos diversos concursos públicos que fizeram (este é assunto para outra postagem).

Não resisti em registrar o momento da assinatura de seu primeiro contato
Muitos pais têm dúvida se devem incentivar seus filhos a ingressarem no trabalho cedo, a maioria se preocupa que o trabalho possa prejudicar os estudos, e estudar é prioridade, pois “sem estudo não serão nada na vida”. Diante deste dilema me pergunto: Como ela vai aprender sobre o que gosta, ou não, de fazer, sem trabalhar? É no cotidiano do trabalho que aprendemos a conhecer a nós mesmos, a descobrir o que nos dá prazer em fazer, o que nos encanta, e também o que não gostamos. No trabalho aprendemos o que nos motiva a acordar, ano após ano, e nos dirigirmos para o mesmo lugar, sorridentes e felizes, para fazer aquilo que gostamos. Como saber disto se não trabalharmos? Como saber se é aquilo que queremos fazer? Infelizmente, muitos jovens, pressionados por uma sociedade que lhes exige um diploma, descobrem, tardiamente, que não gostam de fazer aquilo para o que estudaram durante anos. Não é raro encontrarmos pessoas com formação em uma área, trabalhando em uma profissão antagônica daquela para qual foram treinadas, a ponto de não terem, sequer, uma leve semelhança com seus diplomas pendurados na parede ou guardados em uma gaveta.

Certa vez li uma frase que dizia: “Trabalho por Amor, liberdade na ação!” Pois entendo que a nossa segurança, a nossa estabilidade, não é necessariamente trabalhar no serviço público, a estabilidade está em gostar daquilo que fazemos, seja na iniciativa privada ou pública. Quem de nós já não entrou em uma loja e percebeu que aquele (a) vendedor (a) estava exatamente no lugar que deveria estar, que havia nascido para isso, e que transformava o atendimento em algo encantador a ponto de nos fazer adquirir até mais do que fomos procurar? Quem de nós já não foi mal atendido em algum lugar, onde a pessoa que nos atendia, deixava claro que era infeliz exercendo aquele trabalho?

As pessoas esquecerão quão rápido você fez um trabalho, mas sempre lembrarão quão bem você o fez.
(Howard Newton)

Pois é, a Renata só vai descobrir o que ela gosta de fazer, fazendo! Não poderei viver sua vida por ela, não poderei protegê-la dos maus colegas, ou dos patrões ruins, não poderei protegê-la da inveja e das maledicências cotidianas, das puxadas de tapete. Terei de confiar nos valores e na educação que lhe transmiti e torcer para que ela tire, dessa e de outras oportunidades, a melhor lição possível.

Espero que esse seja o começo de uma vida profissional de sucesso, onde ela saiba o valor do trabalho e que ele possa lhe prover o sustento pessoal e da família que construir. Espero que ela faça amigos queridos no trabalho, que se especialize na arte de viver em grupo, de compartilhar, se solidarizar, lutar e conquistar coletivamente. Desejo que ela possa contribuir para o crescimento do país, auxilie os outros a serem felizes e ajude a quem precisar. Espero que ela possa ter, todos os dias, um sorriso no rosto, e contagie quem estiver ao seu redor, não discriminando, respeitando a todos, independente da cor da pele, de preferências sexuais, religiosas e etc, pois trabalhar é tudo isso e muito mais. É ser o instrumento de crescimento, de felicidade e prosperidade, por isso ele deve, SEMPRE, ser realizado com muito Amor e Dedicação.

Por fim, espero que ela tenha boa sorte, que possamos estar entregando uma boa profissional ao mercado, e nos momentos difíceis, lembre sempre do que ensinamos e daquilo que é mais importante.

Fábrica
Nosso dia vai chegar,
Teremos nossa vez.
Não é pedir demais:
Quero justiça,
Quero trabalhar em paz.
Não é muito o que lhe peço -
Eu quero um trabalho honesto
Em vez de escravidão.
Deve haver algum lugar
Onde o mais forte
Não consegue escravizar
Quem não tem chance.
De onde vem a indiferença
Temperada a ferro e fogo?
Quem guarda os portões da fábrica?
O céu já foi azul, mas agora é cinza
O que era verde aqui já não existe mais.
Quem me dera acreditar
Que não acontece nada de tanto brincar com fogo,
Que venha o fogo então.
Esse ar deixou minha vista cansada,
Nada demais.




sexta-feira, 8 de março de 2013

Habemus Candidato



Uma simples observação da evolução das eleições presidências, desde 1989, a primeira após a ditadura, perceberemos que a cada eleição reduzem o número de candidatos com chances de vitória. Em 1989 foram 22 candidatos e o resultado era uma incógnita, a Rede Globo temia a eleição de Brizola e no primeiro turno deu uma ajudadinha para o Lula, a fim de tirar Brizola do segundo turno, tornando mais fácil a vitória de Collor, o candidato fabricado pela Vênus platinada.

A partir de 1994, temos tido uma polarização entre PSDB e PT, duas forças que se revezam no poder desde então. Essa polarização não é por acaso, deve-se ao fato de que constituir um candidato à presidência é um trabalho de muitos anos, e não surgem lideranças novas, com estatura para disputar uma eleição desta natureza, de um dia para o outro. Desde Collor, que foi um projeto da Rede Globo, tivemos a candidatura de Lula por cinco vezes, ou seja, O PT apresentou o mesmo candidato por 20 anos e importou a sucessora de Lula do PDT de Leonel Brizola, o que prova, que com toda a força do PT, não conseguiram criar um sucessor para Lula, “sangue puro”, assim como o PSDB não conseguiu um sucessor para FHC, tendo sido derrotado em três eleições consecutivas, com dois candidatos diferentes e na próxima eleição tentará um terceiro nome, Aécio Neves. Ter um bom candidato a Presidência é um desafio imenso. Tanto que o PMDB, considerado o maior partido Brasileiro não disputa a eleição com candidatura própria desde 1998, após duas tentativas (1989 e 1994) com candidaturas inexpressivas do ponto de vista eleitoral.

Assim, é natural que o PSB, tendo em seus quadros duas lideranças de qualidade (Ciro Gomes e Eduardo Campos), ambos em condições de disputar as eleições, deseje colocar em discussão um desses nomes, no caso o do Presidente do partido e Governador de Pernambuco, reeleito com a maior votação do país, Eduardo Campos.

Ter um bom candidato a presidência da República é um privilégio para poucos, e ter um bom candidato e um partido é melhor ainda, pois algumas vezes o candidato é bom, mas não possui um partido organizado, forte, capaz de dar sustentação política a candidatura. No caso do PSB temos as duas coisas, um bom candidato e um partido em crescimento, com história e excelentes quadros políticos. Ouso dizer que o PSB possui condições de formar uma chapa completa e além do candidato a Presidente, teria, dentro do próprio partido, lideranças com estatura para comporem a chapa como vice, entre elas, Luiza Erundina PSB/SP, Ciro Gomes PSB/CE, Beto Albuquerque PSB/RS, entre outros.

Por isso, acho natural a pretensão de ter candidatura própria a sucessão de Dilma. Isso quer dizer que somos contra o governo Dilma? Quer dizer que o PSB está rompendo com o campo político onde sempre esteve? Não! É como um time, mesmo fazendo parte da mesma equipe, os jogadores que não estão jogando, como titulares, desejam jogar, o que não quer dizer que desejem que o outro se machuque ou tenha um problema grave, nada disso, apenas treinam, se preparam, para que e o técnico opte por colocá-los em campo para jogar no time titular. O PT tem estado no comando, e o PSB está ali, contribuindo para o time, jogando junto, participando, só que deseja ser titular também, se considera capaz de contribuir ainda mais, treinou, se preparou, se organizou e acredita que esteja pronto para assumir o comando e ajudar o país a crescer, porém, mais do que a vontade do jogador, o que define é quem escala a equipe, e no caso do Brasil, quem escala é o povo, que decide quem quer ver comandando a nação, porem, para conseguir a oportunidade é preciso se apresentar para jogar e é isso que o PSB está fazendo. Se o povo decidir dar continuidade ao comando do PT, tudo bem, sua decisão deve ser respeitada, porém o PSB vai trabalhar para que o Povo escolha Eduardo Campos, pois em tempos de escolha de novo papa, cabe adaptar a celebre frase: Habemus Candidato!