quarta-feira, 11 de abril de 2012

Brasileiro que vota não foge à luta!


Esse é o título da campanha do TSE incentivando o voto aos 16 Anos. Essa semana fui com minha filha caçula, Renata, fazer o seu Título Eleitoral, ela irá completar 16 anos no dia 30 de julho, e confesso que foi um momento emocionante, pois, como líder estudantil, na década de 80, lutei por essa conquista e, para mim, é uma felicidade saber que minhas três filhas, que sempre me acompanharam nos meus votos, quando eram crianças, este ano irão as urnas exercer o seu direito, conquistado com muita luta, por uma geração de jovens que cresceu em um período em que nosso país vivia sob a regência de uma ditadura militar, e na qual não nos era concedido o direito a opinião, a não ser que a mesma fosse de apoio ao regime.

Mandam no teu destino. Mas ele é teu, meu irmão. 
Ergue teus braços finos e acaba com a exploração.
Faz tua revolução!  
O voto é tua única arma. Põe teu voto na mão. 
*O VOTO E O PÃO (Alceu Collares)
A Renata poderá exercer seu direito este ano e desejo que ela tenha sabedoria e coragem para escolher a quem confiar seu voto. Espero também que àquele que receber o voto, saiba honrá-lo. Votar é importante, pois só adquirimos a experiência necessária, para acertar, ou errar menos, exercitando, desde cedo.

Não há nada de errado com aqueles que não
gostam de política, simplesmente serão
governados por aqueles gostam.
Platão


Esta semana foi a vez do TRE/RS e a Assembleia Legislativa lançarem uma campanha de incentivo ao voto aos 16 anos intitulada “16 anos: Uma idade inesquecível. No lançamento o depoimento do jovem Bruno Cipele, chamou a atenção. Ele completou 16 anos no dia e foi até o local acompanhado da avó Sarita Pargendler, que trabalhou 23 anos no TRE. — Desde cedo acho importante participar das escolhas do país. Sou de uma geração que cresceu vendo corrupção. A gente tem a motivação de tentar mudar o que está errado — explicou Bruno. Conforme publicou O ClicRBS.


Depoimentos como o de Bruno, mostram um dos motivos pelo descrédito na política, a Corrupção, porem, o seu depoimento aponta para uma das formas de modificar essa realidade: Participar. Jovens como a minha Renatinha, o Bruno e tantos outros, que mesmo diante de um quadro desmotivador, preferem participar e não se omitir, nos faz crer, que em um tempo, não muito distante, a democracia possa ser exercida como uma celebração de uma sociedade cidadã, comprometida com os interesses de todos e não com os interesses egoístas de indivíduos e grupos.
E você? Vai completar 16 anos até o dia 07 de outubro de 2012? Já fez seu título?   

Faça como a Renata! 
Vá até um Cartório Eleitoral e faça valer a sua opinião!



A democracia... é uma constituição agradável, anárquica e variada, distribuidora de igualdade indiferentemente a iguais e a desiguais.
Platão


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ei Fortunati, segue o Exemplo da Dilma e do Tarso!

O Governador Tarso Genro e a Presidenta Dilma, determinaram que os detentores de cargos em seus governos, que pretendem participar das eleições deste ano, como candidatos, deveriam deixar suas funções ainda no começo do ano.

Considero a decisão de ambos, muito acertada, pois há muito trabalho por se fazer no governo e é importante que todos estejam “focados” no trabalho, além do que, fica ruim fazer modificações no meio do ano, é bom fazer isso agora durante o período de férias; Por último, garante que a máquina pública não seja usada eleitoralmente pelos candidatos e seus partidos políticos.

Aqui no Rio Grande do Sul, o Secretário Beto Albuquerque, cumpriu a orientação do governador, o que considero acertado e demonstra seu compromisso com o governo e com a boa administração do patrimônio público. Eu mesmo acabo de deixar as funções que exercia na SEINFRA (Secretaria de Infraestrutura e Logística do RS) desde o ano passado. Como sou pré-candidato a uma vaga na nominata do PSB para concorrer a vereador em Porto Alegre, em comum acordo com a orientação do Secretário Beto Albuquerque, deixei minhas funções.

Nós não somos donos destes cargos, erra quem pensa assim, os cargos são missões que recebemos, para servir a população e o governo em que acreditamos. Políticos sérios, não se apegam a cargos e estão prontos para deixá-los, desde o primeiro dia em que entram. Vamos lá, cumprimos nossa missão e saímos. Quem quer estabilidade, deve fazer concurso público. Na SEINFRA todos os três companheiros que se enquadravam nos critérios da orientação do governo, tiveram que se afastar: Eu e os companheiros Geraldinho (Pré-candidato a Prefeito em Viamão) e o Vanderlan Vasconcelos (Pré-candidato a Prefeito de Esteio).

Dizem que alguns pré-candidatos, de outros partidos, não estão seguindo a orientação do governador, usando da artimanha de que “não têm certeza” se serão, ou não, candidatos. Quem me conhece sabe que não gosto de hipocrisia e que abomino esse tipo de prática, pois se pretendem ser candidatos, e para merecerem o voto das pessoas, têm de aprender, desde sempre, a cumprirem orientações, e não ficarem fazendo “malandragens”. Quem age assim não merece o voto do eleitor.

Acho até que o Prefeito José Fortunati, e todos os demais Prefeitos, deveriam fazer o mesmo e solicitar o afastamento dos detentores de cargos públicos que pretendem se candidatar, isso evitaria que utilizassem da máquina pública para benefício próprio e eleitoreiro. Nossa população está cansada dessas práticas lesivas aos cofres públicos.

Se hoje, grande parte da população está descontente com a política, muito se deve por ver aquilo que é público, que a todos pertence, ser usado de forma leviana, por políticos, que só pensam em seus próprios interesses, e utilizam-se daquilo que é de todos nós, para aferir proveito próprio e de manutenção de seu "estatus quo".

Para que a democracia seja exercida de forma correta, é preciso que todos aprendam a tratar com respeito à “coisa pública”. Pessoas “apegadas” a cargos, e que “alicerçam” suas carreiras políticas neles, acabam fazendo qualquer negócio para se manter onde estão, e para isso, muitas vezes renunciam aos seus valores pessoais, a sua dignidade, e o respeito ao bom uso do patrimônio público.

Espero que o Prefeito José Fortunati, faça uma demonstração de que respeita o povo de Porto Alegre, e determine que os pré-candidatos a Vereador, que estão ocupando CC’S na Prefeitura, deixem suas funções para evitar a utilização da máquina pública como instrumento de campanha eleitoral, seguindo o bom exemplo dado pelo Governador Tarso Genro e a Presidenta Dilma Rousseff. 

Por último, agradeço a confiança do Secretário Beto Albuquerque, que me proporcionou a oportunidade de fazer parte da sua equipe, a frente de uma das mais importantes secretarias do Estado do Rio Grande do Sul.


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

VOTO AOS 16 ANOS

Este ano teremos eleições. O povo vai às urnas para eleger os Prefeitos municipais e os Vereadores. Na democracia, o direito ao voto é a nossa principal “arma”, com ela, podemos conceder um mandato àqueles que acreditamos serem os melhores para representar a nossa opinião no parlamento e no executivo. Vejam bem: O político representa a nossa forma de pensar. Somos nós que decidimos quem VAI ou NÃO, ocupar uma função pública em nosso nome. EU escolho, EU voto, EU me responsabilizo pela escolha.

Quando ficamos descontentes com o comportamento daqueles que elegemos, temos a oportunidade, de corrigir nosso erro, nas próximas eleições. Como? Primeiro NÃO votando nele novamente. Segundo: Escolhendo outro candidato.  Sim, pois se ficamos desiludidos, indignados, e optamos por votos nulos e brancos, acabamos não corrigindo, pois nossa omissão, muitas vezes ajuda àqueles que nos decepcionaram, pois se o voto não vai outro candidato, ele acaba se reelegendo. O maior castigo para o mau político é fazer menos votos do que na eleição anterior, e ver outro político, principalmente novo, ocupar o seu lugar.

Sempre valorizei o meu voto, e fiz questão de escolher bem. Sinto-me recompensado pelo capricho, pois, quase não tive decepções com meus votos, nas vezes que consegui ver meus candidatos eleitos.

Essa foto, da minha filha Renata, enviei para o Presidente Lula, com um pedido: "Espero que você não me envergonhe, perante minha filha, por este gesto. Que ela possa se orgulhar de ter participado comigo deste momento histórico"
Tempos depois recebi uma carta, do então Presidente da República, LULA, que terminava assim: "Mais uma vez, agradeço a você e faço um convite para que continue acreditando e participando cada vez mais da construção do país que todos sonhamos" - Lula. Não me envergonhei de meu voto e continuo acreditando e participando da construção de um país melhor.
Este ano, minha filha caçula, Renata, completa 16 anos e votará pela primeira vez em seu próprio nome. Ela sempre me acompanhou nas votações. Quando pequenas, as minhas três filhas iam comigo votar, devidamente trajadas e decoradas com a propaganda de meus candidatos. Criança adora essa festa da democracia que é a eleição. Eu mesmo guardo a lembrança das eleições de 1978, quando criança, que eu corria pelo bairro, catando santinho para minha coleção. O nosso candidato tem de nos orgulhar e não pode envergonhar nossos filhos.

Quando jovem, no movimento estudantil, lutei pela aprovação da emenda constitucional que garantiu o voto aos 16 anos. A emenda é de autoria do Ex-Deputado Federal Hermes Zanetti (Que se filiou a poucos meses no PSB). Zanetti foi Presidente do CPERS e é uma importante liderança gaúcha. Nossa geração conquistou muitas coisas e o voto aos 16 anos é uma das conquistas de relevância. Vínhamos de um período de limitada democracia, de eleições indiretas para Presidente da República (A primeira eleição direta para Presidente, após a ditadura, aconteceu em 1989, já com o direito de voto aos 16 anos) e poder soltar o grito que estava preso em nossa garganta era o que nossa juventude almejava. Essa luta, da qual participei ativamente, é o que concede a minha filha Renata, e outros milhares de jovens, o direito cidadão de escolher, de forma democrática, os seus representantes.

Ato de Filiação do Ex-Deputado Federal HERMES ZANETTI , autor da lei do Voto aos 16 anos, ao PSB. 
Porto Alegre - 18 de dezembro de 2011
Foto: Deputado Beto Albuquerque, Hermes Zanetti e Beto Grill, Vice-Governador do RS
O voto é o coroamento da democracia, é o momento onde somos todos iguais, onde cada cidadão tem direito a um único voto, o seu voto, e o concede a quem desejar. Minha filha vai às urnas em pé de igualdade comigo, seu voto valerá o mesmo que o meu, pois o voto não discrimina religião, sexo, raça, classe social. Ela poderá decidir uma eleição com seu voto. Sim, pois a diferença de um voto pode decidir uma eleição, um candidato pode perder, ou ganhar, uma eleição, por um voto de diferença, portanto, jamais devemos subestimar o valor deste direito legítimo que conquistamos. 

Estou feliz, pois este ano todas as minhas filhas estarão votando e contribuindo pela consolidação da democracia. Espero que àqueles que têm direito ao voto, o valorizem, comparecendo as urnas e escolhendo um candidato de sua confiança. Escolha! Não tenha medo de errar. Acredite! Confie! Acompanhe o processo eleitoral, debata os problemas da cidade com seus familiares, colegas e amigos. Converse com os candidatos, ouça suas opiniões e as motivações que o levaram a se candidatar. E se não for pedir demais, não troque seu voto por dinheiro, ou qualquer outro “presentinho”, não acredite em promessas absurdas, pois lembre-se: Você está concedendo o direito desta pessoa te representar pelos próximos quatro anos, tomar decisões, administrar aquilo que é de todos nós. Mas, o importante, é que você mesmo decide, conforme sua própria consciência, seus valores e crenças, pois esse é o seu direito, legítimo, concedido pela DEMOCRACIA.




sábado, 28 de janeiro de 2012

Viver! E não ter a vergonha de ser FELIZ


Hoje fui levar minha sogra, minha filha e dois sobrinhos para passar uns dias na casa da minha cunhada na praia. No caminho ela começou a me falar sobre sua vida, sua infância e a medida que ela falava, lembrava de minha mãe que igualmente, teve uma vida parecida.

Minha mãe é do Alegrete, e minha sogra de São Borja, ambas da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, terra de campo, de produção, ambas as cidades importantes para nosso estado.

Em um passado não muito distante as crianças trabalhavam desde muito cedo, as meninas eram colocadas em casas de “família” onde cuidavam de crianças e dos afazeres domésticos, muitas vezes não tinham nem 10 anos de idade. Assim aconteceu com minha sogra e minha mãe, ambas trabalham desde que se conhecem por gente.

Minha sogra casou cedo, queria sair de casa, tinha apenas 15 anos, foi o passaporte para a capital, onde criou seus cinco filhos, entre ele minha esposa. O seu sonho na capital não foi tão colorido assim, foi de muito trabalho e dor também, pois, dos cinco filhos, um partiu com apenas 14 anos, vitima de afogamento. Dor insuportável para uma mãe.

Minha mãe casou mais tarde, com 22 anos, involuntariamente, movida pela minha chegada, e criou seus quatro filhos trabalhando duro como minha sogra, ela já morava aqui em Porto Alegre, para onde veio com a sua “família adotiva”, onde conheceu meu pai.

Minha sogra "Gi" e parte de seus netos
Minha mãe e minha sogra viveram em uma época em que o trabalho doméstico era praticamente braçal. Criaram filhos com fraldas de pano, que precisavam ser lavadas após a criança batizá-las. Naquela época toda a roupa era lavada a mão, no inverno e no verão. Quando foram criadas as máquinas de lavar, só as famílias mais abastadas possuíam uma. Podem imaginar quanta roupa suja era produzida por famílias com esse número de membros? Pois é, além disso, elas cozinhavam, passavam, costuravam e ainda trabalhavam fora.

Quando era pequeno achava que minha mãe não dormia, ela estava sempre acordada, pois acordava antes de todo mundo, e dormia após todos estarem na cama, nunca via ela dormindo. Eu dei muito trabalho, pois se não bastasse as muitas responsabilidades de minha mãe, eu sou asmático, e naquela época não tinha “bombinha”, e quando entrava em crise, precisava correr para o hospital. Eu não conseguia caminhar, não tínhamos carro, nem telefone em casa, e tantas outras coisas que facilitam a vida da gente, muito dinheiro por exemplo. Assim, minha mãe tinha que correr comigo no colo, lomba acima, pegar um ônibus e ir ao hospital. Dura a vida de minha mãe! Dura a vida de minha sogra!

Uma história como a de minha mãe e minha sogra, é rica em todos os sentidos, rica em trabalho, rica em dores, rica em histórias, mas principalmente rica em AMOR. Por mais que a jornada fosse exaustiva, não faltou, e não falta AMOR para com seus filhos. Fui criado com muito Amor, assim como sei que minha esposa também foi.

Minha Mãe Flávia e a família que ela construiu com muito Amor
A caminhada para chegar até aqui foi dura, suportar as dores, os sofrimentos, as dificuldades, calejaram muito a vida de nossas mães, as marcas do trabalho são visíveis em seus corpos, mas nada que as impeça de zelarem por seus filhos e cumprirem os seus compromissos de mães e agora, seus compromissos de avós, algumas vezes avós-mães.

Durante a viagem, e nas horas que sucederam meu retorno, até poder escrever esse, passou um filme na minha mente, o filme da minha vida, de minha mãe, de minha sogra e das milhares de mães que criaram seus filhos com Amor, mas com muito sacrifício. Pensei nelas, mas também pensei que ainda hoje, por todo o Brasil, apesar do desenvolvimento e do crescimento econômico, existem muitas Flávias e Gizeldas criando seus filhos com muito Amor, mas com precárias condições, sem acesso as tecnologias e sofrendo inúmeras privações. A ironia de tudo isso, é que, destas famílias, saem homens e mulheres íntegros, trabalhadores, enquanto, muitas vezes, o mesmo não acontece nas famílias mais abastadas, onde o ter é mais importante do que o ser.

Queria agradecer a minha mãe e a minha sogra pelo exemplo que me deram, pelas avós dedicadas e amorosas que são, pelas mulheres trabalhadoras que ofereceram cidadãos de bem para nossa sociedade. Embora, muitas vezes, só lembrada em ocasiões festivas, como o natal, a FAMÍLIA ainda é o pilar mais importante de nossa sociedade. Veja um homem de bem e enxergará uma família por trás dele! Veja uma família de bem e enxergará um cidadão digno!

Obrigado Mãe e Gi, que Deus abençoe vocês!  



segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mais uma experiência no Sistema Público de Saúde

Era 1h da manhã de Sábado, dia 21.01.2012, quando minha filha me acordou para atender minha cunhada, que estava ao telefone, pois uma amiga da família, vizinha há muitos anos, estava passando mal e precisava de socorro. Começava aí, mais uma de minhas experiências com o sistema de saúde.

Parece impressionante, mas toda vez que tenho contato com hospitais, emergências, ambulatórios ou etc., acabo tendo motivos para escrever algo sobre o assunto. Foi assim com minha mãe, com meu sogro. Por que será?

A amiga, com mais de 70 anos, já estava doente, passou um longo período de internação, mas desta vez caminhava para sua última, pois, veio a falecer naquele mesmo dia.

Ela foi conduzida ao Hospital Conceição pela SAMU e segui em meu carro com a filha, que há 9 anos se dedicava com extremo afinco aos cuidados com a mãe, um exemplo que me comoveu muito. Teria que escrever uma postagem especial para relatar as atividades e a dedicação com que ela cuidava da mãe, principalmente nos últimos meses, que ela necessitava de uma atendimento especial, a impressão era de que ela não dormia nunca, tamanha era a atenção dada, tanto é verdade que, com extrema agilidade, ela detectou que algo não estava bem e imediatamente providenciou socorro.

Alguns minutos após a chegada ao hospital, fomos chamados a ingressar na “área vermelha” da emergência do Hospital Conceição, onde se passou a cena que me marcou muito: Era um corredor, com uma porta vermelha ao fundo, uma médica veio nos atender, estávamos eu, minha cunhada e a filha da paciente, amiga da família, a médica passou então a nos relatar que o caso era gravíssimo e que provavelmente ela não passaria daquela noite, tentou consolar a filha e falou sobre o caso. Diante daquilo comecei a olhar em minha volta e percebi que ao meu lado no chão havia pessoas deitadas. Sim, eram pacientes, deitadas no chão, e cobertas com um cobertor marrom. Só dava para ver um pedacinho do cabelo, pois eles cobriam a cabeça, provavelmente para se protegerem da luz e tentarem dormir, apesar do entra e sai de pessoas, típico de um corredor de hospital. Fiquei pensando:

Será que eles ouviam o que falávamos?

Como se sentiam, ali deitados, em condições muito precárias, no chão, com quatro pessoas estranhas em pé, ao seu lado, falando de morte?

Mil perguntas povoavam minha mente.

Olhei para dentro da sala a minha esquerda e reparei que havia dezenas de pessoas na mesma situação, deitadas no chão, em camas hospitalares, sentadas em bancos e cadeiras de rodas, eram muitas pessoas, muitas mesmos, não dava para circular no local sem correr o risco de pisar em alguém.

Fiz uma foto, com meu aparelho celular, para mostrar o corredor do Hospital. Não registrei nenhuma pessoa por uma questão de privacidade e respeito, apenas pode-se notar no lado direito, ao fundo, as pessoas deitadas no chão.

Comecei a ficar atordoado com aquilo, e meu espírito jornalístico dizia que deveria sacar minha câmera fotográfica e sair fotografando aquilo tudo, mas a necessidade de consolar e apoiar a nossa amiga, me fez tomar a decisão de sentar um pouco e olhar em minha volta, quando vi pessoas sendo atendidas, outras aguardando, olhei mães, sentadas com os filhos no colo, uma outra, em pé, apoiava a cabeça do filho jovem, em seu peito, gesto típico das mães, e que traz muito conforto.

Tudo isso que vi, me remeteu ao sentimento de paz, que nascia do caos, os funcionários ali presentes se esmeravam em atender os pacientes, e a grande maioria deles estava acompanhada de um parente ou amigo que procurava lhes dar conforto.

Essa postagem poderia ser um protesto as precárias condições de nosso sistema de saúde, porém preferi olhar pelo lado do amor, amor que consola, que cuida, o amor daqueles que trabalham por vocação e que atendem com dedicação e carinho àqueles que precisam, o amor que chora a perda e a saudade.

"Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado...
Resignação para aceitar o que não pode ser mudado...
E sabedoria para distinguir uma coisa da outra."

São Francisco de Assis

Mais do que reclamar eu fiquei pensando no que eu poderia fazer para mudar esta situação, como eu poderia agir, como cidadão, como indivíduo, para a melhoria destas condições? Não paro de pensar nisso, ao mesmo tempo que fico imaginado que, apesar de 42 anos de idade, nunca havia entrado na emergência do Hospital Conceição, que está reformado e mais organizado do que era no passado, o que me faz pensar nas muitas coisas que não conheço, nos muitos problemas que nem sei que existem, das inúmeras respostas que não tenho.

Esse é um ano eleitoral, devemos pensar bem em nossas escolhas, pois elas agem diretamente na solução de problemas como este, mas para escolhermos bem, devemos pensar no assunto, devemos refletir sobre a solução, devemos pensar o que nós podemos fazer e aquilo que não está ao nosso alcance, e que depende dos governantes. Enquanto isso, podemos fazer aquilo que está ao nosso alcance, que é dar o nosso amor àqueles que dele necessitam, e cuidar e zelar por aqueles que amamos, assim como nossa amiga cuidou de sua mãe até os últimos minutos de sua vida.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Eu conheço Joseph Climber!


O personagem Joseph Climber, do Grupo “Os melhores do mundo”, é famoso no Brasil inteiro e a primeira vez que vi, no programa do Jô Soares, eu ri tanto que cheguei a passar mal e senti falta de ar (Sou asmático e isso não é nada difícil), com o passar do tempo refleti sobre a mensagem principal do quadro e mais do que isso, descobri que eu conhecia o Joseph Climber, e ele era um ídolo para mim.


Eu o conheci na UMESPA na década de 80, ele havia presidido a entidade 10 anos antes do meu mandato, e desde lá ele seguiu acompanhando as gerações que o sucederam, acompanhando a evolução da entidade e ajudando as novas lideranças com sua experiência. Na minha gestão foi assim, ele estava lá para nos ajudar a tocar a passagem escolar.

Tínhamos algumas coisas em comum e que nos aproximou, uma delas era o saudoso “Véio Zé” que era o zelador do Colégio Nações Unidas, onde estudei e iniciei minha militância estudantil, e que participava das competições esportivas da UMESPA e da qual ouvi muitas histórias. Mas o que mais nos aproximou foi mesmo os ideais e a identidade filosófica.

Foto antiga da década de 80: O "Véio Zé" é o senhor de bigode olhando para a câmera (Fez parte de minha história, também da UMESPA e deixou saudades). Ao lado dele a direita Dody Sirena, hoje um dos maiores empresários da música brasileira, sócio da DCSET e empresário do Roberto Carlos. Na mesa, o companheiro Skippy, que nos deixou esse ano, e de quem temos imensa saudade.
Esse amigo fez muitas coisas na vida, sempre lutando, líder estudantil, líder comunitário, no seu bairro, Cefer I e Conselheiro Tutelar, foi um dos primeiros Conselheiros Tutelares de Porto alegre, muito respeitado por seu trabalho.

Mas como dizem: “A vida é uma caixinha de surpresas”. Em Dezembro de 2000 Ele sofreu um AVC que limitou seus movimentos, paralisando parcialmente o lado direito de seu corpo, e quando todos imaginavam que ele iria parar com sua militância e se dedicar ao tratamento de saúde, ele fez exatamente o contrário. Depois do AVC, baseado nas dificuldades encontradas para sua reabilitação, passou a defender as melhorias das condições da estrutura de reabilitação de Porto Alegre.
Olhem o meu amigo aí no tempo de UMESPA (adivinhe quem ele é)
Resumindo: O cara, mesmo com as suas limitações, desenvolve mais atividades sociais do que a maior parte, senão a totalidade das pessoas que estão lendo essa postagem agora. Só para terem uma idéia, atualmente ele exerce as seguintes atividades: É presidente da Associação dos Moradores da Cefer I, Editor do Jornal Reabilitação, Membro do Conselho da Fadem, participa de aulas nas Faculdades de Educação Física e, Fisioterapia da UFRGS além de visitas a entidades que atendem PCDs discorrendo sobre seus direitos e, as responsabilidades dos gestores públicos, além de ter lutado e conquistado uma Lei Municipal que alterasse o Código Municipal de Saúde criando na forma de lei ações que fazem interface as necessidades das Pessoas com Deficiência. E há 10 anos luta por um Centro de Referência que atenda situações de Média e, Alta Complexidade.

Valtinho na Câmara de Vereadores defendendo melhores condições para as pessoas com necessidades especiais.
Além disto, ele é responsável pelos encontros anuais do Ex-Umespa, que tem o objetivo de proporcionar que possamos nos reencontrar anualmente e onde podemos rever os antigos companheiros de luta estudantil. É nosso elo, é nossa referência.

"Há homens que lutam um dia e são bons,
Há outros que lutam um ano e são melhores,
Há aqueles que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis"
(Bertold Brecht)

Eu sou um fã dele, sou um seguidor, admirador do ser humano que ele é, e por isso eu tenha a honra de dizer que conheço Joseph Climber. Aqui ele não responde por este nome, aqui o nome dele é Valter Castilhos, o Valtinho, um de meus ídolos, um exemplo, um ícone. Ele representa muito bem a frase de Brecht, pois ele é IMPRESCINDÍVEL.

Obrigado amigo Valtinho! Obrigado pelo exemplo e por existir em nossas vidas!

Homenageando-te, homenageio á todos aqueles brasileiros que não desistem nunca e que nos dão lições de vida, todos os dias.


Essa foto é de um momento muito especial em minha vida, a comemoração dos meus 40 anos, e pude contar com a honra de receber o Valtinho e o Skippy que me brindaram com suas presenças.
O Valtinho é esse guerreiro que relatei em minha postagem, foi presidente da UMESPA assim como eu.
O Skippy, assim como eu e o Valtinho, também presidiu a UMESPA e foi uma pessoa especial para o Valtinho, principalmente após o seu AVC, pois o Skippy passou a ser companheiro inseparável, e estava ao seu lado em todas as oportunidades. Porém o Skippy nos deixou este ano, em uma dessas peças que a vida nos prega, Levou o fiel escudeiro, companheiro, parceiro de luta do Valtinho, mais um motivo para desanimar, desistir.
Sei o quanto ele faz falta para a sua família, aos amigos e principalmente para o Valtinho, mas sei que em seu nome o nosso "guerreiro" segue a luta, nos ensinando, dando exemplo e nos orgulhando.
Com essa foto, tirada pelo amigo Digo Adams, encerro essa homenagem, lembrando o amigo Skippy e reverenciando meu companheiro e amigo Valtinho 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O que é mais difícil: Ter opinião, manifestar a opinião, manter ou mudar de opinião?

Ontem sai para comemorar os meus 17 anos de união com a Márcia, pegamos a Renata na rodoviária, após passar uns dias em Canela com as amigas, e fomos jantar. Dizem que comer muito a noite faz a gente ter pesadelo. Que engorda eu sei, hehehe, muitos destes meus kg a mais se devem a minhas comilanças noturnas. Porém passei a noite inteira tendo pensamentos, espécie de “sonhos” ou “pesadelos” sobre o título desta postagem.

           "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser,mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
(Voltaire)

Programei uma arrumação das minhas coisas para hoje, mas minha mente não sossega enquanto não escrevo essas minhas viagens. Tenho mais de uma dezena de postagens para serem publicadas, opiniões e mais opiniões sobre os mais diversos assuntos, porém meu perfeccionismo não deixa publicá-las enquanto não estão de acordo com o nível mínimo que exijo para serem lidas, portanto, dá um trabalho danado escrever uma postagem, ainda mais para mim que não tenho poder de síntese.  Porém se não escrever essa e publicar parece que terei uma semana de pesadelos pela frente. Êta mente doentia.

"Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender."
(Alexandre Herculano)

Sempre fui uma pessoa de opinião, e fiz questão de expor elas. Minha avó, lá do Alegrete, quando vinha nos visitar, ás vezes ficava um pouco incomodada com a mania que eu tinha de me meter na conversa dos adultos e dar opinião. Ela achava aquilo uma falta de educação, criança dando palpite na conversa de adultos.
Foram inúmeras as vezes que arranjei encrencas ou passei por momentos embaraçosos, não por ter opinião, porque enquanto ela está apenas em sua mente, dificilmente causa problemas, mas quando ela resolve sair, aí começam os embaraços. Principalmente quando contrariam a opinião do teu interlocutor. Talvez por isso, a maioria das pessoas tenha opinião, mas prefira guardar para si, ou comentar apenas depois em Off.

"Uma coleção de baionetas ou de guilhotinas é tão incapaz de deter uma opinião como uma coleção de moedas de ouo é incapaz de deter a gota"
(Sthendhal)

Nos grupos em que interagi, não raro ganhei o título de polêmico por expor a minha opinião. Algumas vezes, sabedores desta postura, “esqueciam” de me convidar para conversar sobre determinado assunto, principalmente quando alguém gostaria que se fizesse algo sem muito questionamento.
Para poder defender minhas opiniões, tive que desenvolver a habilidade da argumentação, fazendo um demorado exercício de alto conhecimento do porque de tomar essa ou aquela decisão, ou de concordar com isso ou aquilo. Isso acontece principalmente quando tenho uma opinião fora do padrão, ou seja, diferente do que pensa a maioria das pessoas.

Imagine-se nesta situação: Você refletiu, pensou, estudou, elaborou e firmou convicção de sua posição, porém, uma grande parte dos demais pensa diferente, e aí você precisa ter uma gama de argumentos gigantesca, pois, mesmo que eles tenham a mesma opinião entre si, os motivos porque chegaram àquela conclusão não são os mesmo, uns são mais elaborados, outros são mais superficiais, e não raro, alguns nem sabem por que defendem aquela opinião. Aí fica o “louco” lá no meio tomando um monte de porrada por “esticar” a conversa. Mesmo assim sempre preferi expor minha opinião que me omitir.

"O fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata."
( Bertrand Russell )

E a lógica? Imagine que você use a lógica para formar uma opinião, aí a coisa complica mesmo, pois vivemos em um país gigante, com múltiplas culturas, etnias e hábitos, desenvolvidos a partir das peculiaridades locais de um país continental com diferentes países dentro de um só, e aquilo que para mim é normal, pode não ser para quem mora lá no interior, na Amazônia ou no sertão nordestino. Sem falar no “jeitinho brasileiro” que é a nossa cultura nacional de interpretar o “certo” ou “errado”.
Não somos obrigados a ter opinião. Às vezes não pensamos sobre o assunto e, portanto não firmamos posição sobre ele. Isso é muito comum, a vida é muito dinâmica e todos os dias nos deparamos com situações cotidianas, mais ou menos importantes, que são debatidas nos nossos grupos sociais, família, escola, trabalho e que alguém olha para você e pergunta: Qual sua opinião sobre isso? São as cotas raciais, a invasão da USP, demissão do ministro, contratação do Ronaldinho, invasão do Iraque, morte do Kadafi, o teste do bafômetro, enfim, uma série de assuntos e nem sempre temos todos os instrumentos para formar opinião, e principalmente um deles, informação e conhecimento. Nestes casos eu sempre procuro pensar melhor antes de opinar, ou digo: Olha, levando em consideração as informações que tenho, minha opinião é essa, porém posso mudar amanhã ou após uma analise mais aprofundada.

Eu jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. Porém, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes eu quisesse."
( Friedrich Nietzsche )


Mudar de opinião. Se for dizer o que foi mais difícil de aprender, sem dúvida foi a mudar de opinião, pois depois de firmar convicção, defender essas convicções com todas as suas forças, chegar a conclusão de que não estava certo, ou que havia falhas em sua forma de pensar é algo muito difícil, pois temos que fazer todo o processo de novo, refletir, pensar, estudar, elaborar, firmar convicção e depois reconhecer. Como admitir que estava errado? Aí reside a grande questão, pois para firmar posição usamos algumas características pessoais mais fáceis de utilizarmos, como inteligência, coragem, orgulho, porém para reconhecermos que estávamos errados, precisamos utilizar a humildade e essa é uma característica muito mais difícil de exercitar.
É duro reconhecer que estava errado, porém, se queremos ter nossas opiniões respeitadas, e ter credibilidade para opinar, precisamos ter altivez na hora de reconhecer que também erramos e que nem sempre nossas opiniões estão certas.

"Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo"
(Raul Seixas)