Fui
criado morando em casa com pátio e rodeado de animais de estimação. Até hoje,
a casa de meus pais é cheia de cachorros, por isso nos acostumamos a dividir
espaço com esses animais e a suportar seus cheiros característicos.
Depois
de adulto tive dois animais de estimação, a Buba, que era da minha filha Natália, que acabei perdendo o vinculo com a separação, e a Nina, com quem
convivemos por 10 anos.
Ter um
animalzinho de estimação em casa faz toda a diferença, principalmente para quem
tem filhos. Mesmo morando em apartamento, trouxemos a Nina para fazer companhia
para a Renata e para nós, pois eles preenchem um espaço afetivo em nossas
vidas.
Desde a chegada da Nina, nossa rotina mudou, a ração passou a ser item obrigatório no rancho e as despesas com vacinas e tosa (Poodle necessita de tosa com frequência senão fica parecendo uma ovelha) sempre no orçamento familiar. Os jornais, após a leitura, tinham sempre um destino, servir de local para as necessidades da Nina (Nos acostumamos com o banheiro sempre forrado de jornal e a primeira coisa a fazer quando chegávamos em casa era juntar esse jornal devidamente "batizado"), e o principal: Nunca deixar a Nina sozinha. Se for dormir fora, tem que levar ela junto. Nas comemorações de Natal, Ano Novo, nas Férias, era companhia permanente, toda a nossa organização tinha que prever o bem estar da Nina também, deixar água e comida quando saíamos para o trabalho, luz acesa se formos voltar a noite (não gostávamos de deixá-la no escuro) e até deixar a televisão ligada para ela escutar som de vozes.
Minha intenção com essa postagem não é entristecer quem ler, muito menos transferir nossa dor para outros corações. É apenas uma singela homenagem a um ser que nos fez muito felizes. |
Ela
dividia o espaço com a gente, subia no sofá e sentava no nosso colo quando
estávamos todos juntos, não aceitava estarmos todos no sofá e ela não, ficava
tentando subir desesperadamente. Quando deixávamos a porta do quarto da Renata
aberta ela ia e deitava na cama, e quando acordávamos estava lá bem deitada
ao lado dela. Outras vezes dormia ao pé da nossa cama, e quando acordávamos
tínhamos de cuidar para não pisa-la (Assim nos acostumamos a sempre olhar no
chão antes de levantar). Seguia a Márcia por toda a casa, era preciso
ter cuidado para mudar de direção, pois ela estava sempre ali nos pés, e quando
eu estava na mesa da sala usando o computador, como estou fazendo agora, vinha se deitar aos meus pés.
Nina
nos deixou ontem, vitimada por uma insuficiência renal (A Veterinária disse que
quando aparece o problema é porque já está com no mínimo 75% de
comprometimento). Na sexta-feira corremos com ela para um Hospital veterinário,
a internamos para tratamento, mas não obtivemos êxito. Confesso que ainda estou
um pouco inconformado em não ter percebido o problema e agido antes, mas me
culpar não resolverá nada, não reverterá o acontecido.
Pois é,
lendo até aqui vocês podem imaginar como tem sido esse primeiro final de semana
sem a Nina. Está tão vazio, e quase não consigo pensar em outra coisa (estou
cheio de coisas para fazer), estamos tristes e saudosos.
Havia
me esquecido o quanto dói a perda de nossos companheiros de estimação, vamos
crescendo e esquecendo que na infância sofríamos com a perda dos nossos
bichinhos, e mesmo sabendo que a Nina não viveria para sempre, não me preparei
para isso.
Por
mais racionais que sejamos, por mais maduros, não conseguimos deixar de ser
impactados por essas perdas. Sou uma pessoa consciente da realidade humana, das
pessoas que passam fome, das pessoas que perdem seus entes queridos, e que
vivemos em um mundo de luta, repleto de dores e sofrimentos e que diante de
muitos destes problemas o que é a vida de uma cachorrinha. Porém, respeitando
todas as dores do mundo, acredito que a Nina merece esse meu reconhecimento,
por tudo o que significou para nossa família nestes 10 anos que conviveu
conosco, pelo carinho, pela companhia.