terça-feira, 8 de outubro de 2013

PSB – Eduardo Campos – Dilma – Marina – Eleições – Lasier – Heráclito e Muito Mais – Parte II


Cuidado com quem prega a filosofia da superioridade “Ariana”, das “raças superiores” sem imperfeições. 
Isso nunca acaba bem!

Comecei a militar muito cedo, me afastei da política em 2001 e retornei em 2011.

Olhando para trás posso afirmar que nunca militei em um partido em que tivesse afinidade 100% com 100% dos seus membros, pelo contrário, sempre tive que conviver com pessoas, que mesmo no mesmo partido, pensavam diferente. Isso é absolutamente normal e democrático e está presente em todos os núcleos sociais.

Pense o partido como uma família, uma família com nove filhos, como a de meu pai, por exemplo, nove filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Será que todos pensam e se comportam da mesma forma? Claro que não! Na família, assim como nos partidos, nas empresas, nos times de futebol, as pessoas podem pensar diferente, pois cada ser é único e fruto de suas circunstâncias, por isso, que o partido têm um programa, um estatuto, assim como a religião tem sua bíblia, e quem ingressa no partido adere àquele programa, e não ao contrário.

Quem leu algo sobre os regimes totalitários (aconselho que leiam) saberá que a “criação” de inimigos é uma forma amplamente utilizada para gerar reação, pois, quando vivemos sobre a regência do “medo” somos facilmente manipulados, nos fechamos, pois qualquer um pode ser o nosso “inimigo”.

Nas vésperas de eleições, assim como em momentos como agora, de articulações e definições, muitos oportunistas e falsos comentaristas, principalmente os com interesses pessoais e políticos, começam a atacar seus possíveis adversários, começam a gerar o medo, e criar falsos inimigos. Lembram quanto tempo o povo ficou reelegendo o PT em Porto Alegre com “medo” de que os “inimigos” pudessem acabar com o “orçamento participativo”? A história das “privatizações” é outra “arma” que vira e mexe é apontada contra alguém: Se você votar no fulano ele vai privatizar a “Petrobras” a “Caixa”... Se votar no candidato tal, vão ficar sem Bolsa Família!

Quem lembra que o PMDB, do Sarney, elegeu todos os governadores, com exceção do Sergipe onde o aliado PFL elegeu o governador, nas eleições de 1986, embalados pelo Plano Cruzado e pela distribuição de “auxílios” como o ticket de leite? Na época era uma heresia não votar no PMDB, pois os outros iriam acabar com o “Cruzado” e as pessoas mais pobres não iam ter mais o “leite”.

Pois é, recomendo que àqueles que não conhecem essa parte da história, que façam uma pesquisa, principalmente antes de demonizar, difundir boatos e disseminar o “medo”, induzidos por “espertinhos” que se aproveitam do seu desconhecimento para te manipular.

Meu partido, o PSB, tem muita gente boa!

O PSB é um partido que possui lideranças como Beto Albuquerque, Eduardo Campos, Luiza Erundina, João Capiberibe, Rodrigo Rollemberg, Beto Grill, e tantos outros, por isso, tem motivos para se orgulhar.
Em 1920, na Alemanha, nasceu o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, que em 1933, liderado por Adolf Hitler assumiu o poder. O resto da história todo mundo conhece. Os membros deste partido consideravam-se superiores, e esse tipo de pensamento tornou-se muito perigoso para a humanidade. 

Com o pouco de experiência que a vida me deu, percebo que todos nós, em maior ou menor escala, temos um pouco deste sentimento de superioridade, que nos faz, em certos momentos, achar que somos melhores que os outros e por vezes nos leva a sermos até “cruéis” com os nossos semelhantes, principalmente com aqueles que “consideramos” nossos “inimigos”. Confesso que já agi assim, e tenho buscado, com muito esforço, melhorar isso em mim.

No sábado, o meu partido, o PSB deu “abrigo” a Marina Silva, e seus companheiros da REDE, que ficaram impedidos de concorrer nas eleições de 2014, por terem o registro do partido negado pelo TSE.

Em meio a esse momento, algumas pessoas, dos mais diversos setores da sociedade, a maioria ligados ao PT e seus aliados, começaram uma grande onda de agressões contra o PSB e contra Marina, temendo que essa união possa ameaçar a permanência do PT no poder (Vou falar sobre Marina, PSB e PT em outra postagem). É preciso registrar que vi mais elogios do que críticas, mas é preciso reconhecer que houveram críticas. A maior parte das críticas utilizava-se de alguns novos filiados ao PSB, como Heráclito Fortes, e Paulo Bornhausen, e a manifestação de apoio de figuras como Ronaldo Caiado a candidatura de Eduardo Campos. Acusam o PSB de não ser de esquerda e não ser Socialista por ter aceitado a filiação e o apoio destes caras, reconhecidamente, considerados de “direita”.
    
O Tweet do ator José de Abreu, minutos após vazar a informação de que Marina Silva se filiaria ao PSB, dá a demonstração de como foi encarado o gesto e qual foi a reação, tentando imediatamente desqualificar o PSB, em um gesto agressivo e desesperado.
Por mim, eles não teriam passado nem perto do PSB, como eu sei que, se dependesse de algumas pessoas, eu também não estaria no PSB. Essa é a realidade, o partido é feito de um conjunto de pessoas, e precisamos fazer uma continha de chegada, ou seja, medir, se no somatório geral, temos mais afinidades ou divergências. Se temos mais afinidades, devemos permanecer no partido e ficar alertas, participar ativamente das instâncias partidárias, das reuniões, militar, ser atuante, para que o partido não se desvie de seus valores e princípios. Se encontrarmos mais divergências, aconselho a procurar outra sigla.

A probabilidade de encontrar 100% de convergência é praticamente zero, pois, felizmente, ou infelizmente, não decidimos quem entra e quem sai de nosso partido, essa decisão cabe a própria pessoa, e ao partido, que possui suas instâncias coletivas para aprovação e reprovação de filiados, e em cada cidade e estado a realidade é diferente.

O PSB ideal para mim, e isso é preciso ficar bem claro: Para mim! Teria uma série de companheiros que estão no PSB e uma série de outros que não estão no PSB. O meu PSB teria o Cristóvão Buarque, o Carlos Araújo, o Jean Wyllys, o Pedro Ruas, o Miro Teixeira, a Juliana Brizola, a Dilma e outros políticos que admiro. O “meu” PSB não teria o Heráclito, o Bornhausen, o Pastor Eurico, e outros companheiros com quem não tenho nenhuma afinidade. Que bom que fosse assim!

Porém, nem que eu tivesse o meu próprio partido teria a garantia de que ele fosse composto por todas as pessoas que eu admiro e respeito, pois além da minha vontade de tê-las a meu lado, teria que contar com a vontade deles também.

Já fiz aqui uma postagem sobre a criação de novos partidos e essa dificuldade que temos de encontrar nos partidos atuais, aqueles que atendam integralmente nossas expectativas. O nosso individualismo, ou a nossa vontade de fazer a coisa certa, por vezes nos leva a pensar que o mundo ideal seria aquele na qual temos o total controle, na qual temos o total poder. Infelizmente não é assim, e como disse no exemplo, o fato de termos o nosso próprio partido não significa que ele se transforme no partido de nossos sonhos, pois entre sonho e realidade há uma diferença.

Milito no PSB desde 2011, foi a trincheira que escolhi para travar minha luta por um Brasil melhor, após mais de uma década de afastamento da militância. Têm gente no PSB que eu não gostaria de chamar de companheiro, porém existe um número de companheiros, infinitamente maior, com que me sinto absolutamente confortável em dividir a trincheira. O PSB tem muita gente legal, gente bem intencionada e competente, e não vai ser uma minoria que irá macular uma bela história construída em anos de luta.

Estou feliz com a “filiação transitória” dos militantes da REDE, pois entendo que eles mereciam participar do processo eleitoral, por sua história e por seu esforço, acho que podemos todos, aprender muito com essa experiência.

Desculpe se não agradamos a todos!
  
Marina Silva e os militantes da REDE receberam "abrigo" no PSB.
Considero o gesto positivo e todos são Bem Vindos, mesmo que transitoriamente!
Juntos podemos aprender muito com essa experiência!

Foto: Humberto Pradera

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

PSB – Eduardo Campos – Dilma – Marina – Eleições – Lasier – Heráclito e Muito Mais – Parte 1



O último final de semana trouxe muitas novidades para a política brasileira. Por todos os cantos do país, os eleitores foram surpreendidos pelos movimentos do tabuleiro político, e em época de redes sociais, travam-se verdadeiras batalhas virtuais.

Em 2011 resolvi retornar a militância política, com o objetivo principal de contribuir com a minha opinião e com minha forma de encarar o mundo. Queria auxiliar com o debate para a construção de uma nova geração de políticos, movidos por outros interesses e sentimentos, e acreditava, de forma até pretensiosa, que conseguiria ser parte desta mudança. Claro que tudo foi e está sendo mais difícil do que eu esperava, pois todos que me conhecem sabem que sou um otimista, e sempre me imponho grandes desafios, muito grandes, diga-se de passagem, mas também sabem que não sou de desistir fácil.

Pois então, diante deste quadro político, entendo que devo registrar aqui minhas opiniões, de forma a compartilhar com aqueles que em mim confiaram seus votos e que, de alguma forma, me têm como referência política. Entendo a política assim, feita com transparência, com defesa de opinião, mesmo que ela não seja o senso comum, ou agrade a maioria, e principalmente com franqueza, sem o cinismo e oportunismo reinante em grande parte dos políticos que se comportam como verdadeiros “estelionatários” da opinião pública, que agem sorrateiramente na escuridão dos porões do poder.

Em várias postagens, pretendo registrar o que penso, sobre o momento político, sobre o futuro, e como é a minha militância, o meu partido, e como eu gostaria que fosse. Sem medo, vou registrar como vejo tudo isso, para, pelo menos, ser justo com aqueles que tiveram a coragem de confiar a mim seus votos, e ainda pedir aos outros que também o fizessem. Vamos lá então!  


Eu e a Presidenta Dilma Rousseff
 
Foto registrada em 22.01.1998, talvez um dos primeiros registros de Lula com sua sucessora, Dilma Rousseff, em um encontro dos partidos de esquerda na Churrascaria Galpão Crioulo, em Porto Alegre, ela representava o PDT (Em 1998 Lula concorreu a Presidente da República tendo Leonel Brizola como seu vice. Participei ativamente desta campanha!
Acho importante começar por aqui. Quem me conhece sabe das relações afetivas que tenho com a Presidenta Dilma, de quem fui companheiro de militância no PDT, inclusive fiz parte do grupo de filiados, que junto com ela, deixaram o PDT, em 2000, para apoiar Tarso Genro na eleição para a Prefeitura de Porto Alegre. Sabem também de meu carinho e admiração por seu ex-companheiro, Carlos Araújo, a quem tenho como amigo e referência política e, portanto, gostaria de deixar registrado aqui a minha opinião, pois não sou um antiPTista, e também não sou oposicionista do governo de Dilma. Pelo contrário, sou um defensor de todos os avanços de seu governo e posso afirmar, sem nenhum constrangimento, ou dúvida, que ela é uma abnegada e que está dando o seu melhor para o Brasil. Sou uma pessoa de esquerda e não serviria de arma para inviabilizar o governo dela.

Se me perguntarem se gostaria que o PSB continuasse fazendo parte do Governo Dilma, responderia que sim, não veria com maus olhos a permanência do PSB no governo de Dilma, assim como não acho que se ela for reeleita o Brasil irá piorar. Pode não melhorar, mas, piorar eu não acredito! 

Por que eu defendo a candidatura de Eduardo Campos, então?  Os motivos que me levam a apoiar Eduardo Campos são vários, desde os mais elementares, que são, por exemplo, o fato de ser filiado ao PSB e no momento que escolhi por me filiar a um partido, devo respeitar suas decisões, até o simples entendimento de que, ele pode auxiliar o Brasil a crescer, trazendo uma nova forma de governar, um novo olhar sobre o que está aí, e sem se afastar do campo popular e socialista. Olhando assim, parece simples, porém essa decisão é mais complexa e passa por alguns outros fatores que irei expor na sequência, o importante é que as pessoas entendam que para ser a favor de Eduardo Campos, não precisa ser contra a Dilma. Esse antagonismo, é apenas uma característica PTista que, muitas vezes, se comporta de forma maniqueísta, onde quem está com eles é bom, e quem não está é ruim, como se eles fossem o parâmetro de Bom e de Bem, assim como uma personificação do “divino” e neste campo fica difícil de argumentar, e quanto mais se tenta, mais piora.
 
Em 2002 lá estava eu, novamente, depositando meu voto em Lula e no PT (A menina da foto é minha filha caçula, Renata, com 6 anos de idade)
O gesto se repetiu em 2006 e, em 2010 ajudei a eleger minha ex-companheira de militância e primeira mulher eleita Presidenta da República, Dilma Rousseff.
Assim, para iniciar, deixo muito claro que tenho toda a simpatia pela presidente Dilma, e não tenho nenhuma resistência, ódio, ou algo parecido pelo PT. Já depositei meu voto e fiz campanha para candidatos do PT em inúmeras oportunidades, embora tenha minhas críticas a seu modo de fazer política, que explicitarei no decorrer. 

Portanto, não aceito e repudio, qualquer tentativa de me colocar no campo oposto. Sou militante de esquerda, o PSB é um partido de esquerda e qualquer insinuação em contrário é pura leviandade.

Espero que me acompanhem, comentem e, principalmente, que eu possa auxiliar na reflexão daqueles que me leem, expressando com sinceridade o que penso sobre o momento político que vivemos. 

Boa Leitura!
 
Em 2012, em uma das visitas ao companheiro e amigo Carlos Araújo, acompanhado do comandante Beto Albuquerque.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

“Alien” O Passageiro – A Autofagia dos Partidos Políticos

Em 1979, Hollywood lançou o Filme Alien – O 8º Passageiro, protagonizado por Tom Skerritt e Sigourney Weaver. No filme, que fez muito sucesso na época, uma criatura alienígena persegue e mata a tripulação de uma nave espacial. Eu era adolescente quando lançaram esse filme e jamais esqueci. Talvez seja uma das grandes produções cinematográficas americanas, daquelas que fazem história.

Lembrei do filme, porque, em uma das principais cenas, o Alien sai de dentro de um dos tripulantes, estourando seu peito, uma cena impressionante!  O Alienígena se hospedava no corpo humano e quando se desenvolvia, saia pelo peito do hospedeiro, causando sua morte.

Pois, tal como no filme, alguns “Aliens” se hospedam nos partidos políticos brasileiros, onde se alimentam, se desenvolvem, e depois saem, muitas vezes causando a morte de seu “hospedeiro”.

Tenho pensado muito nisso nos últimos tempos, pois dia 05 de Outubro, encerra-se o prazo para filiações partidárias, para aqueles que pretendem concorrer nas eleições de 2014, e há intensas movimentações dos partidos e de pessoas com vistas às eleições.

Os partidos procuram nomes “fortes” para conquistarem votos e fortalecerem suas legendas, e os candidatos procuram siglas que lhe ofereçam as melhores condições de vitória, o que envolve, desde ajuda financeira até apoio político, preferência, boas dobradinhas (Alguém têm dúvida que, a possibilidade de fazer uma dobradinha com a campeã de votos Manuela D’ávila, pesou na decisão de André Machado concorrer a Deputado Federal pelo PCdoB?).
Atenção: As imagens aqui contidas são meramente ilustrativas sem intenção de juízo de valor. 
Aqueles que me conhecem sabem que sou resistente aos partidos servirem de “barriga solidária” para gestação de políticos que não tem identidade ideológica com o partido (Deixando claro que resistente não quer dizer totalmente contra). Os candidatos das igrejas por exemplo. Não consigo entender que os partidos se prestem a servir de trampolim para políticos que depois não defenderão os ideais pelo qual o partido foi criado, e sim as ordens de seus líderes religiosos, que muitas vezes defendem ideias antagônicas as do partido, e assim é com os candidatos de corporações, as “personalidades”, mulheres frutas, Ex-BBBs (A propósito, o Jean Willis é muito mais que um Ex-BBB), Ex-atletas e etc.

Porque da minha resistência? Há mais de 30 anos acompanhando a política, percebo que, grande parte destes candidatos, entendem pouco quase nada de política, não compreende de disciplina e fidelidade partidária, não possuem ideologia, e se posicionam geralmente levando em consideração, única e exclusivamente os seus objetivos pessoais e eleitorais. Pois se a política deve ser pensada visando o bem comum e o interesse coletivo da sociedade, como vamos colocar alguém que pensa apenas em si ou no seu grupo? É uma contradição! Por isso é que a política está tão descaracterizada, e também por isso cada um quer ter seu partido político. Todos querem ser Reis! Todos querem ser pastores do rebanho!

Uma pessoa que era ídolo, seja no campo artístico, esportivo, midiático, geralmente é alguém com uma vaidade acima da média, e por isso, com certa facilidade, fica descontente com o partido, por não ter a “atenção” que esperava, a “deferência”, ou não tem os seus desejos e postulações atendidas, comportando-se como “crianças mimadas” que não sabem receber um não.
Na ânsia de se viabilizarem eleitoralmente, os partidos acabam entrando em um processo de autofagia, trazendo para dentro de si, esses elementos que acabaram por causar-lhes problemas, pois quando se elegem, passam a ser a vitrine do partido, e suas contradições, seus erros, suas incoerências e seus “chiliques” acabam por desacreditar os partidos e a política.

Como o Alien, do filme, essas figuras causam danos internos no partido e, muitas vezes, quando saem causam a destruição do corpo hospedeiro, ou seja, a sigla que usou para se eleger, deixando apenas o ônus, levando o bônus. Portanto, se os partidos tivessem mais cuidado na hora de recrutar seus candidatos, evitariam muitos desgastes, e a contaminação da política por pessoas individualistas, personalistas e despolitizadas.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Novos Partidos: Todo Mundo quer ter um rebanho! Pobres ovelhinhas!


"A ignorância, a cobiça e a má fé também elegem seus representantes políticos."
Carlos Drummond de Andrade

Que o Brasileiro é criativo ninguém têm mais dúvida, e que essa criatividade não tem limites, também. Pois enquanto no capitalismo tradicional, as pessoas são incentivadas a empreenderem e fundarem sua própria empresa, aqui, a criatividade brasileira fez uma “adaptaçãozinha”: Resolvemos criar igrejas e partidos políticos. Agora os “empreendedores” viram nestas duas modalidades, formas de ter um “rebanho” e arrecadarem um bom dinheiro.

É impressionante que tenhamos no dia de hoje (25 de Setembro de 2013) 32 partidos políticos e uma lista de no mínimo mais uns 30 aguardando registro ou em construção.

Os motivos são diversos, que vão desde o interesse meramente econômico, de acessar o Fundo Partidário, ou trocar o apoio e os minutos de TV, por gordas recompensas financeiras, até o interesse individual ou de grupos pelo poder.

Nossa democracia tem de tudo, desde igrejas, que depois de se proliferarem de forma impressionante, resolveram utilizar sua influência sobre os “fiéis” para eleger seus pastores e assim conseguirem mais benesses junto ao poder, e precisam dos partidos, por isso, algumas optaram por criar um para si, até pessoas que os criam para poderem formar seu próprio “rebanho”, geralmente dissidentes de outras siglas, que não conseguindo impor suas vontades e caprichos, optam por criar um partido todinho seu, onde possam “mandar e desmandar”.


Em 1989 na primeira eleição para presidente o PRN foi criado apenas para eleger Fernando Collor, e não existe mais, assim como o PRONA do Éneas e tantas outras siglas que se extinguiram ou trocaram de nome. A prática segue firme, tanto que acompanhamos o drama da Ex-Ministra e Senadora Marina Silva lutando para criar um partido para poder concorrer nas próximas eleições, após deixar o PT e o PV.

Os interesses seguem, e não vão parar, pois depois que se instituiu a “fidelidade partidária”, os políticos só podem trocar de partido, sem perderem seus mandatos, se expulsos, ou se forem para um partido que não existia quando concorreram. Algo tipo: “É que antes não tinha esse partido, e eu não podia estar nele, mas é o partido dos “meus sonhos”. Por isso, de dois em dois anos, nas vésperas das eleições, são criadas novas siglas para que os políticos possam sair dos seus partidos e concorrerem pela nova sigla sem perderem seus mandatos.

Pois não é que os caras conseguiram dar um jeito de burlar a barreira da “Fidelidade”! Gente criativa esta!  

Defendo a possibilidade de criação de novos partidos, pois a sociedade muda e podem surgir novas ideologias, filosofias, outras formas de organização, porém, o que vemos hoje é mais uma forma “esperta” de burlarem a lei.
Não me impressiona que a política esteja tão desacreditada!



quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Sem partidos? Você realmente pensou sobre o assunto?

Sempre que vejo uma daquelas imagens de internet com mensagens contra os partidos políticos, e milhares de manifestações apoiando, fico incomodado, pois entendo que isso é fruto de dois problemas graves para a democracia: O primeiro, a imensa falta de credibilidade dos partidos junto a população, e segundo, a despolitização de nossa sociedade e o desconhecimento das pessoas sobre o papel dos partidos na política.

Os partidos políticos são para a política, o que a escola é para a sociedade, ou seja: Fundamentais, imprescindíveis! É unanime que não há como se ter um país desenvolvido, com pessoas educadas e cultas, sem escola. Assim como não há como se ter democracia e bons políticos sem partidos políticos. O fato de serem fundamentais, não imunizam os partidos de imperfeições, assim como o fato da escola ser fundamental, não impedem que ela sofra um processo de desestruturação (Todos sabem a crise que a Educação vive em nosso país, principalmente a Educação Pública).


No Brasil, as escolas sofrem, faltam professores, estrutura, porém ninguém prega o fechamento delas, muito pelo contrário, defendemos maiores investimentos e melhoria em sua qualidade. Assim deveria ser com os partidos, que por sua vez sofrem em qualidade e principalmente vivem uma crise de identidade, e ao invés de serem fechados, banidos, excluídos, devem ser melhorados, aperfeiçoados, qualificados.

Quando a Escola vai mal, prepara mal as pessoas, fornece mão de obra deficiente e desqualificada, pois com os partidos é a mesma coisa, se os partidos vão mal, preparam mal seus políticos, fornecem líderes deficiente e desqualificados.
Quer políticos melhores? Quer representantes qualificados? Quer lideranças bem preparadas? Aperfeiçoe a escola onde eles são formados, aperfeiçoe e melhore os partidos políticos!

Quando nossos filhos começam a se libertar de nossa dependência (passam a fase a amamentação) começamos a pensar da “escola” onde vamos colocá-lo, procuramos um lugar legal, com boa estrutura, com pessoas qualificadas e capacitadas para fornecer a ele as melhores condições de aprendizado e desenvolvimento.

Se pensarmos bem, uma família pode oportunizar uma boa educação a seu filho sem levá-los na escola, bastaria contratar excelentes profissionais que viriam a sua casa e dariam a ele todo o conhecimento que precisa de forma exclusiva, sem que ele precise ir a escola (No mundo, algumas pessoas fazem isso).

Porque então colocam a criança em uma escola? Ocorre que existem coisas que só aprendemos em ambientes coletivos, existem experiências de convivência, evolução e aprendizado, que só conseguimos adquirir interagindo com os outros. Pois os partidos fazem esse papel na política, coletivizam o político, lhe impõem disciplina, valores, princípios, ensinam que ele não é o “senhor” de todas as verdades, desenvolve e fortalece a ideologia. 

Se um político não milita em um partido, dificilmente será um bom líder, porém para que isso funcione é preciso partidos fortes e fiéis a seus princípios e ideologias. Infelizmente, não é isso que vemos, porém, a reflexão é que devemos construir formas de melhorar a “escola dos políticos” que são os partidos, e não extingui-los.



PS: Quem me acompanha, e quem me conhece, sabe que sou prolixo. Tenho uma grande dificuldade de síntese, por isso, optei por tentar fazer postagens mais curtas, e está é apenas parte da reflexão sobre os partidos, acompanhe as próximas postagens sobre o mesmo assunto.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Cassação Deputado Natan Donadon: Quem é culpado?


Qualquer que seja a frase bonita que o ilusionista venha a falar, É uma rede na beira do abismo pra quem não tem onde se segurar.”

Aceitei a provocação de um amigo, que comentou uma postagem minha no Twitter, sobre o caso da não cassação do Deputado Natan Donadon, então achei que deveria fazer um post sobre minha opinião.

A frase acima é uma das minhas preferidas, e faz parte da letra da música MEDO, da Banda Mercado Público (Quem quiser curte a música aí, que vale muito a pena,  http://letras.mus.br/mercado-publico/1970935/ ) acredito que ela sirva para ilustrar minha opinião sobre esse assunto.

Na noite de ontem o Congresso Nacional cometeu mais um de seus “Crimes”: Não cassou o Deputado Donadon (O deputado está preso em Brasília desde 8 de junho, dia em que foi condenado em última instância pelo STF, a 13 anos de prisão, pelo desvio de R$ 8,4 milhões da Assembleia de Rondônia, quando era diretor financeiro da instituição).

O resultado da votação foi o seguinte: 233 votos a favor, 131 contra e 41 abstenções. Mesmo que a maioria tenha votado a favor, para a cassação do mandato eram necessários 257 votos. Portanto faltaram exatos 24 votos para cassar o mandato do Deputado Donadon (PMDB-RO).



Ontem mesmo, aqui no RS, alguns jornalistas, entre eles o Eduardo Matos da Rádio Gaúcha, começaram a criticar os 14 Deputados gaúchos que não estavam presentes na câmara no momento da votação, chegando a uma patética cena (Minha opinião) do início do Programa atualidade de hoje ser uma chamada onde iam sendo proferidos os nomes de cada edputado gaúcho, e a Rosane Oliveira respondia presente, em nome de quem estava lá, e a Carolina Bahia, ausente, para quem não estava. Em resumo, a imprensa, mais uma vez, tenta induzir a opinião pública a encontrar culpados para o que aconteceu ontem a noite na Câmara. Como o voto é secreto, e não se sabe quem votou em quem, a única forma de dar “nome aos bois” era de quem não compareceu, o que, em minha opinião, é Ridículo! Explico por que:

- 131 Deputados votaram contra a cassação, o que é um VERDADEIRO absurdo! Como alguém pode votar a favor de um Deputado condenado, em última instância, por desvio de dinheiro público?

- 41 Deputados votaram abstenção, que quer dizer: Fugiram da raia, estavam presentes, mas optaram por não votar nem a favor e nem contra.

- Portanto, são 172 deputados que estavam presentes e que não forneceram os 24 votos que faltaram. Isso sim é uma sacanagem! Porém, eles estão escondidos pelo voto secreto, portanto, podem ser qualquer um dos deputados presentes, mesmo aqueles que disseram que votaram contra. Não há como saber, sem quebrar o sigilo da votação, quem realmente votou a favor da cassação ou não! Esse é o verdadeiro problema, e não os ausentes, pois não temos como saber se quem não compareceu votaria a favor da cassação. Mesmo os que dizem, hoje, que votariam pela cassação, poderiam não votar e ninguém saberia. (Para esse problema ser resolvido, só o fim do voto secreto na Câmara dos Deputados, proposta defendida pelo PSB).

A imprensa adora criar factoides, e este é mais um. Como eles não podem colocar a lista dos que votaram contra a cassação e dos que se abstiveram, pois, não sabem quem é quem, e assim não teriam quem colocar no “paredão” para serem apedrejados pela população, resolveram o problema jogando os deputados ausentes “aos Leões” e assim alimentam suas polêmicas e ocupam suas páginas.

Como culpar quem não estava presente pelo crime cometido por aqueles que estavam presentes?

Vou trazer o exemplo para o futebol (isso acontece com muita frequência): O time joga, perde o jogo, e colocam a culpa na derrota em um jogador que não estava em campo, dizendo coisas do tipo: Se fulano estivesse jogando, o resultado seria outro! Costumam dizer “os entendidos” quando algum jogador importante não jogou, por lesão, por suspensão ou etc.. Agora eu pergunto: Quem disse que se fulano estivesse em campo, o resultado seria outro? Como podemos afirmar isso?

No caso do Deputado é a mesma coisa. NINGUÉM pode afirmar que a presença dos deputados ausentes mudaria o resultado. A MUDANÇA de postura dos PRESENTES sim!

Mais uma vez, o que não me admira, pois já vi isso acontecer muitas vezes, a imprensa induz a população, sedenta por “sangue” (com razão, na minha humilde opinião) a se voltar contra quem ELA QUER atingir e não a QUEM DEVE ser atingido. E por isso, “Qualquer que seja a frase bonita que o ilusionista venha a falar, É uma rede na beira do abismo pra quem não tem onde se segurar.”



PS: Por traz de tudo isso há uma manobra política entre os principais partidos (que não incluí o PSB) para evitar a cassação dos Deputados condenados no caso do Mensalão, mas isto é assunto para outro post.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Médicos Cubanos

"Nós somos médicos por vocação, não por dinheiro, não nos interessa o salário, fazemos o trabalho por amor."A afirmação é do médico cubano Nelson Rodriguez, 45 anos, que chegou neste sábado (24), ao Recife, e logo foi questionado sobre o salário que receberá pela atuação no Brasil através do programa Mais Médicos.

Será que foi por causa desta declaração que eles foram hostilizados desta maneira?


O Poder de uma foto! Esta imagem, muito bem captada pelo fotógrafo JARBAS OLIVEIRA que em um lance rápido, como podemos verificar no vídeo acima, gerou profunda indignação e comoção na sociedade, se transformou em um símbolo do conflito que vivemos em nosso país.
A imagem de duas Jovens proferindo xingamentos aos médicos Cubanos me causou revolta e muita indignação, me tirou da zona de conforto em que me encontrava, pois, simplesmente não queria entrar nesta polêmica para não me confrontar com amigos queridos e com um problema social que muito me incomoda. Literalmente fugi da raia, porém, assim como no caso dos peladões da câmara, essa imagem soltou a fera que reside dentro de mim. Chega de mentiras e manipulações! Chega de preconceito!

Primeiro agradeço e enalteço o trabalho do fotógrafo Jarbas Oliveira, que em um lance rápido (confira no vídeo), conseguiu captar, de forma única, essa imagem.

Esse acontecimento está trazendo a tona toda a sujeira de nossa sociedade. A luta de classes, o sofrimento dos mais pobres.

Minhas opiniões sobre o assunto dariam páginas e páginas, porém, com muito mais capacidade, e poder de síntese, algumas pessoas estão conseguindo produzir importantes colaborações para o debate, então resolvi reproduzi-las, organizando em um local só diversas informações para que possamos refletir sobre o assunto e formar nossa própria opinião, pois acredito que cada um deva se posicionar conforme seus valores.

Junto das reproduções tecerei meus comentários. Boa leitura!

O Jornalista Juremir Machado, em um artigo publicado ontém dá importante contribuição para o debate. Vale a pena ler!

Corporativismo e ideologia: os médicos comunistas

Postado por Juremir em 27 de agosto de 2013 - Uncategorized
A rejeição à vinda de médicos estrangeiros para o Brasil é, em boa parte, corporativa. A rejeição à vinda de médicos cubanos é ideológica. Será ideologia contra ideologia? Tem muita gente acusando o governo brasileiro de querer trazer médicos cubanos somente para ajudar o parceiro socialista que vive à beira da miséria. Pode ser. Como duvidar dessa simpatia histórica? Há até quem, num surto de teoria conspiratória, entenda que é uma forma de preparar a revolução comunista no Brasil.
As críticas aos médicos cubanos dizem respeito, sobretudo, à capacitação.
Um país pobre como Cuba só poderia formar médicos de qualidade duvidosa. Os hiper-ideológicos, adversários do “ideologismo” petista favorável à vinda dos cubanos, não acreditam em competência de médico comunista, ainda mais de comunista cucaracha e cubano.
Alguns indicadores complicam essa leitura ideológica. Cuba, no IDH saúde, aparece em segundo lugar (0,94), atrás somente do Canadá (0,96). A expectativa de vida em Cuba é 79,3 anos, contra 81,1 no Canadá, 78,7 nos Estados Unidos e 73,8 no Brasil. No item mortalidade infantil, Cuba ganha de todo mundo, inclusive dos Estados Unidos, com menos de seis mortes por mil habitantes/ano. Cuba não é o paraíso. Liberdade não é o forte da ilha dos irmãos Castro. Está longe de ser o lugar ideal para quem gosta de polêmica ou de divergir do governo. Também não é um bom lugar para “minorias” como homossexuais. Há prisioneiros políticos e controle social. Cuba é uma ditadura.
Mas isso não torna seus médicos incompetentes.
Uma matéria da BBC Brasil, publicada no conservador “estadão.com.br”, dizia: “Os principais êxitos do regime implantado pela Revolução Cubana de 1959 estão na área social, onde a ilha apresenta indicadores superiores à maioria dos países do continente, incluindo aí os mais ricos”. A reportagem elogiava as escolas cubanas: “É nestas escolas que se reúnem dois dos maiores sucessos da revolução cubana: a educação e a saúde pública”. O “coronel” Ronaldo Caiado, deputado do DEM, que ficou famoso como patrão de uma associação de extrema-direita, afirma que “esses quatro mil cubanos que estão sendo contrabandeados serão cabos eleitorais do PT no interior”. Fala-se em trabalho escravo. Nos confins do Brasil, no mundo de certos coronéis políticos, trabalho escravo não falta.
Sem necessidade de médicos e cuidados.
Cuba investe 10% do PIB em saúde. Dá para entender que médicos brasileiros não queiram ir para alguns lugares para falta de infraestrutura, de bons salários e de condições adequadas de trabalho. Mas não dá para entender que se ideologize a questão da entrada de médicos cubanos no país. Tem gente que continua na Guerra Fria com discurso macartista e gosto pela caça às bruxas. Articulistas lacerdinhas recorrem a um argumento escatológico: falta até papel higiênico em Cuba. No interior do Brasil tem gente que ainda usa jornal, folhas de árvores e até sabugo de milho para se limpar. Tem quem não queira pediatra cubano com medo de que comunista coma criancinha.
Nossos médicos brilhantes, que são muitos, riem disso tudo.
Num ponto os médicos brasileiros têm razão: todos os formados no exterior, brasileiros ou não, deveriam ser submetidos ao Revalida. Mas já no governo FHC houve um convênio com Cuba que dispensava a revalidação pelos critérios e métodos da época. Países europeus contratam médicos estrangeiros por tempo determinado sem a exigência de exame de revalidação.
Há para todos os gostos.
O governo cubano ficará com grande parte do salário dos médicos que virão ao Brasil?
Isso pode ser entendido como uma apropriação indébita ou como um imposto pesado.
Essa preocupação tão intensa é só uma maneira de tentar desqualificar ainda mais o acordo.
Nessa guerra, todos os golpes são permitidos.


Entrevista concedida por médicos Cubanos em sua chegada ao Brasil, reproduzida abaixo, delimitaram, ainda mais, o abismo que existe em sua forma de pensar e a da maioria dos médicos brasileiros. Talvez esse pensamento, que confronta diretamente com o nosso modo capitalista de pensar seja o motivo que mais revolte àqueles que justificam o "ganhar dinheiro" como o "início, o fim e o meio" de suas existências pessoais e profissionais.

24/08/2013 17h40 - Atualizado em 24/08/2013 19h59

'Não interessa o salário, trabalhamos por amor', diz médico cubano em PE

Repasse da remuneração para governo caribenho é ponto polêmico.
Dos 206 profissionais que chegaram ao Brasil, 30 ficaram no Recife.

Luna MarkmanDo G1 PE

Chegada de médicos cubanos no Recife (Foto: Luna Markman / G1)Recepção a médicos cubanos no Recife foi calorosa (Foto: Luna Markman / G1)
"Nós somos médicos por vocação, não por dinheiro, não nos interessa o salário, fazemos o trabalho por amor." A afirmação é do médico cubano Nelson Rodriguez, 45 anos, que chegou neste sábado (24), ao Recife, e logo foi questionado sobre o salário que receberá pela atuação no Brasil através do programa Mais Médicos. A polêmica é que os profissionais cubanos foram contratados coletivamente por meio de um acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a quem o Brasil vai repassar a remuneração individual mensal de R$ 10 mil. O dinheiro será encaminhado para o governo caribenho, que será responsável por pagá-los, retendo uma parte não informada.
Rodriguez faz parte do primeiro grupo de médicos cubanos que vai trabalhar no Brasil. Eles chegaram no começo da tarde deste sábado (24) e, do total de 206 profissionais que estavam no voo fretado vindo de Havana, 30 ficaram no Recife. Os demais seguiram para Brasília, onde devem aterrissar no começo da noite. A aeronave pousou na capital pernambucana por volta das 14h30 - no vídeo abaixo, imagens mostram os profissionais de saúde na pista do Aeroporto dos Guararapes.
O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mozart Sales, que recebeu o grupo que desembarcou no Recife, afirmou não saber quanto dos R$ 10 mil ficará com os médicos e quanto irá para o governo cubano. "Há uma perspectiva de outros convênios [de Cuba com outros países], onde médicos cubanos ficam com 25% a 40% do salário e cada profissional pode receber uma quantia diferente, dependendo do custo de vida do local. Essa relação trabalhista é [responsabilidade] da Opas e do gorverno cubano", disse. O valor total do acordo com a Opas é de R$ 511 milhões até fevereiro de 2014.
Perguntado sobre quanto ganha em Cuba, Rodriguez não informou valor, apenas afirmou que era "suficiente". O sistema de pagamento dos médicos cubanos é diferente dos profissionais brasileiros e estrangeiros que se inscreveram de forma avulsa no programa, que receberão o salário diretamente do governo brasileiro. Além do salário, também serão fornecidos aos cubanos os demais benefícios oferecidos a aprovados no Mais Médicos (auxílio-moradia e alimentação), pagos pelas prefeituras que os receberão.
Solidariedade
Trinta médicos cubanos desembacaram no Recife, neste sábado (24), para atuar na primeira etapa do programa Mais Médicos. Eles vieram direto de Havana, pela companhia aérea Cubana, num voo fretado pelo governo caribenho, que ainda tinha outros 176 profissionais que seguiram para Brasília. Vestidos com jalecos brancos, balançaram bandeirinhas brasileiras e de Cuba no saguão do desembarque, e ainda agradeceram as boas vindas de integrantes de diversos movimentos sociais que os aguardavam.
Milagros Cardenas Lopez, médica cubana (Foto: Luna Markman / G1)Médica Milagros Lopez destacou experiência dos colegas
em missões internacionais (Foto: Luna Markman / G1)
Todos são especialistas em medicina da família e já participaram de outras missões internacionais, inclusive em países de língua portuguesa. "Nós chegamos hoje para trabalhar no Brasil por pedido da Opas, e espero ajudar junto com médicos brasileiros. Queremos garantir à população carente nossa trabalho em atenção básica, como temos feitos em outros países em outros momentos, como Haiti, Venezuela, Paquistão, Guatemala, Honduras. Nossa motivação é a solidariedade", disse a médica Milagros Cardenas Lopez, 61.
Ao longo de três semanas, os cubanos ficarão em um alojamento do Exército no Recifex e serão diariamente levados para o campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Vitória de Santo Antão, na Mata Norte do estado. Lá, farão o módulo de avaliação do programa sobre saúde pública brasileira e língua portuguesa, junto com os demais estrangeiros e brasileiros formados no exterior que se inscreveram no programa.
Rejeição
Após a aprovação nesta etapa, a partir de 16 de setembro eles serão encaminhados para atender a população em unidades básicas de saúde de diversos municípios carentes selecionados pelo governo brasileiro. A distribuição ainda está sendo estudada, mas sabe-se que são lugares com baixos Índices de Desenvolvimento Humano, cidades que não foram escolhidas por nenhum médico brasileiro e estrangeiro na etapa de chamamento individual do programa.
A médica cubana Natacha Romero Sanchez, 44 anos, destacou o viés humanitário do acordo. "Esse programa é muito humano, solidário e importante, foi isso que nos motivou a vir. Os médicos cubanos são formados com humanismo e solidariedade. Estamos muito contentes e felizes, queremos colaborar com o SUS [Sistema Único de Saúde] brasileiro. Nos falaram que é um país grande, com boas condições humanas e econômicas, e queremos trabalhar para melhorar os indicadores [de saúde]", disse.
Os cubanos também comentaram sobre a rejeição por parte dos médicos brasileiros à contratação dos médicos estrangeiros, alegando que eles não precisarão fazer a revalidação do diploma para trabalhar no País. "Nós não vamos mudar nenhum sistema social, mas contribuir, assim como temos feitos com países pobres na África, Ásia e América. Acho que é um benefício para todos que precisam de atenção médica primária adequada", afirmou Milagros Lopez. "Queremos trabalhar junto com os médicos brasileiros, aprender com eles", complementou Nelson.
Natacha Romero Sanchez, médica cubana (Foto: Luna Markman / G1)"Queremos trabalhar para melhorar os indicadores de
saúde", disse a médica cubana Natacha Sanchez
(Foto: Luna Markman / G1)
A concessão de registro profissional desses profissionais de Cuba segue a regra fixada para os demais estrangeiros que trabalharão no Mais Médicos: eles terão autorização especial para trabalhar por três anos, exclusivamente nos serviços de atenção básica em que forem lotados no âmbito do programa. Em Pernambuco, o Conselho de Medicina afirmou que, sem a revalidação do diploma, não emitirá registro profissional nem para médicos estrangeirou ou para brasileiros formados no exterior.
O acordo prevê, até o final do ano, a chegada de 4 mil médicos cubanos. Segundo Mozart Sales, o programa recebeu 400 pedidos por médicos em Pernambuco e, até o momento, só 74 vagas foram preenchidas.
No domingo (25), outro grupo de 194 médicos cubanos chega em voo que fará escalas emFortaleza e Recife antes de chegar a Salvador. Em Fortaleza, os profissionais desembarcam no Aeroporto Internacional Pinto Martins às 13h20. No Recife, eles chegam às 16h05 no Aeroporto Internacional Gilberto Freyre. E em Salvador, os médicos desembarcam às 18h50, no Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães


A notícia abaixo é uma das mais duras e revoltantes, porém traz muita verdade na forma de pensar. A Jornalista está sofrendo por ter coragem de dizer aquilo que muitos pensam, mas não dizem. Então vejamos:
Os estudantes de Medicina são considerados uma casta, e depois formados ainda mais. É muito comum demonstrarmos certa admiração, um ar solene, quando dizemos: “Meu filho vai fazer vestibular para medicina!” Quando o filho passa no vestibular isso então se transforma em um acontecimento, é como se todos os “sonhos” tenham se realizado. Estudantes são presenteados com carros zero Km, festas imensas são realizadas e todos olham para ele com “admiração”. Basta Frequentar um Campus e ver como se comportam os estudantes de Medicina, o seu perfil, suas opiniões, sua postura. Pois é, é bem assim como diz a Jornalista: “Médico, geralmente, tem postura, tem cara de médico, se impõe a partir da aparência”. E é isso realmente, e aparece assim que decidem por essa profissão. Isso não faz dos médicos os vilãos, mas, de certa forma demonstra um “modus operandi” que os distância da maioria da população, e é natural que eles queiram estar mais próximos dos seus “iguais”, por isso optam, estudam, se esforçam para estar nos “melhores” postos de trabalho, que geralmente são nos “grandes hospitais” de referência, ou nos “centro de pesquisas” das universidades, pois é natural que quem sempre foi considerado o “melhor” queira ocupar os “melhores” lugares. 
Posto de Saúde de vila é lugar para “idealista”! 
Não estou fazendo juízo de valor, apenas relatando uma constatação do pensamento dominante em nossa sociedade, não só dos médicos, mas de toda a nossa sociedade. Por isso, médicas Cubanas com “cara de empregada doméstica” agridem tanto. Elas destroem o “glamour” da profissão, elas transformam os médicos em “pessoas comuns”, desmistificam os “semideuses”. 
Como pode um “médico com cara de empregada doméstica” saber algo? Deve ser um ignorante, um incapaz! Ele é menos qualificado do que nossos médicos! Bradam aos quatro cantos. Pois eu deixo aqui uma pergunta: Está mais capacitado para atender no sertão nordestino, e nos bolsões de miséria do país, um médico que já praticou medicina no Haiti, na África, na Guatemala e em outros países pobres, ou um jovem brasileiro da classe média, formado em uma universidade de uma grande cidade brasileira, que passou os últimos 20 anos de sua vida estudando, nunca teve um emprego formal, e que só viu miséria pela televisão? 

27/08/2013 1:22 pm
Jornalista causa revolta ao afirmar que médicas de Cuba “têm cara de empregada doméstica”
Micheline Borges lamentou a chegada dos profissionais ao Brasil e disse: “Coitada da nossa população”
Por Igor Carvalho

Micheline Borges se manifestou pelo Facebook (Imagem: Reprodução Facebook)
Micheline Borges, uma jornalista potiguar, causou revolta nas redes sociais ao expressar sua opinião sobre os médicos cubanos que estão chegando ao Brasil para trabalhar no programa “Mais Médicos”. “Me perdoem se for preconceito, mas essas médicas cubanas tem uma cara de empregada doméstica”, afirmou a repórter.
Em outro trecho, ela reclama da imagem dos profissionais cubanos. “Médico, geralmente, tem postura, tem cara de médico, se impõe a partir da aparência”.
A jornalista chega a questionar se os médicos de fato são profissionalizados, por conta da aparência deles, e questionou se eles serão capazes de tratar dengue ou febre amarela. Micheline Borges termina desejando que “Deus proteja o nosso povo.”
A jornalista deletou sua conta no Facebook após a repercussão negativa de suas declarações. O tom preconceituoso do texto fez com que quase mil pessoas compartilhassem a imagem na rede social, com tons ofensivos, acusando Micheline de racismo.


A Face de um Fascista! A declaração deste indivíduo me causou repulsa.
A matéria fala por si só.




Postado em: 27 ago 2013 às 10:54

“Vou orientar meus médicos a não socorrerem erros dos colegas cubanos”, diz presidente do CRM/MG

médicos cubanos brasil minas gerais
João Batista Gomes Soares, presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (Foto: Divulgação)
A contratação de médicos estrangeiros pelo programa Mais Médicos, do Governo Federal, está longe de ter um final em que as duas partes – profissionais e União – cheguem a um acordo. A última grande polêmica gira em torno do anúncio da convocação de cubanos para atender no Brasil.
O Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) já entrou oficialmente na briga contra a medida. Na última semana, o presidente da entidade, João Batista Gomes Soares, anunciou que pretende denunciar os cubanos por exercício ilegal da profissão, alegando que o governo autorizou a atividade dos médicos sem que eles passem pelo processo de revalidação do diploma estrangeiro e pelo exame de proficiência em língua portuguesa.
Em entrevista ao jornal Estado de Minas, publicada nesta sexta-feira, João Batista garantiu que, se o governo seguir em frente com as contratações, o impasse vai virar caso de polícia. “Se ouvir dizer que existe um médico cubano atuando em Nova Lima, por exemplo, mando uma equipe do CRM-MG fiscalizar. Chegando lá, será verificado se ele tem o diploma revalidado no Brasil e a carteirinha do CRM-MG. Se não tiver, vamos à delegacia de polícia e o denunciamos por exercício ilegal da profissão, da mesma forma que fazemos com um charlatão ou com curandeiro”, afirmou Batista.

Um Comentário de Gilberto Dimenstein

27/08/2013 - 09h01

Debate sobre os médicos me dá vergonha

gilbertodimenstein vitrine
O perfil dos médicos cubanos é o seguinte: em geral, eles têm mais de uma década de formados, passaram por missões em outros países, fizeram residência, parte deles ( 20%) cursaram mestrado e 40% obtiveram mais que uma especialização.

Para quem está preocupado com o cidadão e não apenas com a corporação, a pergunta essencial é: essa formação é suficiente?

Aproveito essa pergunta para apontar o que vejo como uma absurda incoerência - uma incoerência pouca conhecida da população - de dirigentes de associações médicas. Um dos dirigentes, aliás, disse publicamente que um médico brasileiro não deveria prestar socorro (veja só) se um paciente for vítima de um médico estrangeiro. Deixa morrer. Bela ética.

Provas têm demonstrado que uma boa parte dos alunos formados nos cursos de medicina no Brasil não está apta a exercer a profissão. Não vou aqui discutir de quem é a culpa, se da escola ou do aluno. Até porque para a eventual vítima tanto faz.

Mesmo sendo reprovados nos testes, os estudantes ganham autorização para trabalhar.

Por que essas mesmas associações, tão furiosas em atacar médicos estrangeiros, não fazem barulho para denunciar alunos comprovadamente despreparados?
A resposta encontra-se na moléstia do corporativismo.

Se os brasileiros querem tanto essas vagas por que não se candidataram?

Será que preferem que o pobre se dane apenas para que um outro médico não possa trabalhar?

Sinceramente, sinto vergonha por médicos que agem colocando a vida de um paciente abaixo de seus interesses.

Gilberto Dimenstein
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.



Se você é um corajoso, e chegou até aqui é porque realmente se interessa sobre o assunto e para finalizar então, eu reproduzo uma matéria do Brasil 247 (O Brasil 247 foi o primeiro jornal brasileiro desenvolvido para o iPad, outros tablets e smartphones . No mundo, foi o segundo, atrás apenas do The Daily, mas foi o primeiro com uma experiência aberta e gratuita) publicada dia 24 de Agosto.