Ontem sai para comemorar os meus 17 anos de união com a Márcia, pegamos a Renata na rodoviária, após passar uns dias em Canela com as amigas, e fomos jantar. Dizem que comer muito a noite faz a gente ter pesadelo. Que engorda eu sei, hehehe, muitos destes meus kg a mais se devem a minhas comilanças noturnas. Porém passei a noite inteira tendo pensamentos, espécie de “sonhos” ou “pesadelos” sobre o título desta postagem.
"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser,mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las."
(Voltaire)
(Voltaire)
Programei uma arrumação das minhas coisas para hoje, mas minha mente não sossega enquanto não escrevo essas minhas viagens. Tenho mais de uma dezena de postagens para serem publicadas, opiniões e mais opiniões sobre os mais diversos assuntos, porém meu perfeccionismo não deixa publicá-las enquanto não estão de acordo com o nível mínimo que exijo para serem lidas, portanto, dá um trabalho danado escrever uma postagem, ainda mais para mim que não tenho poder de síntese. Porém se não escrever essa e publicar parece que terei uma semana de pesadelos pela frente. Êta mente doentia.
"Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender."
(Alexandre Herculano)
Sempre fui uma pessoa de opinião, e fiz questão de expor elas. Minha avó, lá do Alegrete, quando vinha nos visitar, ás vezes ficava um pouco incomodada com a mania que eu tinha de me meter na conversa dos adultos e dar opinião. Ela achava aquilo uma falta de educação, criança dando palpite na conversa de adultos.
Foram inúmeras as vezes que arranjei encrencas ou passei por momentos embaraçosos, não por ter opinião, porque enquanto ela está apenas em sua mente, dificilmente causa problemas, mas quando ela resolve sair, aí começam os embaraços. Principalmente quando contrariam a opinião do teu interlocutor. Talvez por isso, a maioria das pessoas tenha opinião, mas prefira guardar para si, ou comentar apenas depois em Off.
"Uma coleção de baionetas ou de guilhotinas é tão incapaz de deter uma opinião como uma coleção de moedas de ouo é incapaz de deter a gota"
(Sthendhal)
Nos grupos em que interagi, não raro ganhei o título de polêmico por expor a minha opinião. Algumas vezes, sabedores desta postura, “esqueciam” de me convidar para conversar sobre determinado assunto, principalmente quando alguém gostaria que se fizesse algo sem muito questionamento.
Para poder defender minhas opiniões, tive que desenvolver a habilidade da argumentação, fazendo um demorado exercício de alto conhecimento do porque de tomar essa ou aquela decisão, ou de concordar com isso ou aquilo. Isso acontece principalmente quando tenho uma opinião fora do padrão, ou seja, diferente do que pensa a maioria das pessoas.
Imagine-se nesta situação: Você refletiu, pensou, estudou, elaborou e firmou convicção de sua posição, porém, uma grande parte dos demais pensa diferente, e aí você precisa ter uma gama de argumentos gigantesca, pois, mesmo que eles tenham a mesma opinião entre si, os motivos porque chegaram àquela conclusão não são os mesmo, uns são mais elaborados, outros são mais superficiais, e não raro, alguns nem sabem por que defendem aquela opinião. Aí fica o “louco” lá no meio tomando um monte de porrada por “esticar” a conversa. Mesmo assim sempre preferi expor minha opinião que me omitir.
"O fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata."
( Bertrand Russell )
( Bertrand Russell )
E a lógica? Imagine que você use a lógica para formar uma opinião, aí a coisa complica mesmo, pois vivemos em um país gigante, com múltiplas culturas, etnias e hábitos, desenvolvidos a partir das peculiaridades locais de um país continental com diferentes países dentro de um só, e aquilo que para mim é normal, pode não ser para quem mora lá no interior, na Amazônia ou no sertão nordestino. Sem falar no “jeitinho brasileiro” que é a nossa cultura nacional de interpretar o “certo” ou “errado”.
Não somos obrigados a ter opinião. Às vezes não pensamos sobre o assunto e, portanto não firmamos posição sobre ele. Isso é muito comum, a vida é muito dinâmica e todos os dias nos deparamos com situações cotidianas, mais ou menos importantes, que são debatidas nos nossos grupos sociais, família, escola, trabalho e que alguém olha para você e pergunta: Qual sua opinião sobre isso? São as cotas raciais, a invasão da USP, demissão do ministro, contratação do Ronaldinho, invasão do Iraque, morte do Kadafi, o teste do bafômetro, enfim, uma série de assuntos e nem sempre temos todos os instrumentos para formar opinião, e principalmente um deles, informação e conhecimento. Nestes casos eu sempre procuro pensar melhor antes de opinar, ou digo: Olha, levando em consideração as informações que tenho, minha opinião é essa, porém posso mudar amanhã ou após uma analise mais aprofundada.
Eu jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. Porém, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes eu quisesse."
( Friedrich Nietzsche )
( Friedrich Nietzsche )
Mudar de opinião. Se for dizer o que foi mais difícil de aprender, sem dúvida foi a mudar de opinião, pois depois de firmar convicção, defender essas convicções com todas as suas forças, chegar a conclusão de que não estava certo, ou que havia falhas em sua forma de pensar é algo muito difícil, pois temos que fazer todo o processo de novo, refletir, pensar, estudar, elaborar, firmar convicção e depois reconhecer. Como admitir que estava errado? Aí reside a grande questão, pois para firmar posição usamos algumas características pessoais mais fáceis de utilizarmos, como inteligência, coragem, orgulho, porém para reconhecermos que estávamos errados, precisamos utilizar a humildade e essa é uma característica muito mais difícil de exercitar.
É duro reconhecer que estava errado, porém, se queremos ter nossas opiniões respeitadas, e ter credibilidade para opinar, precisamos ter altivez na hora de reconhecer que também erramos e que nem sempre nossas opiniões estão certas.
"Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo"
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo"
(Raul Seixas)