Cuidado
com quem prega a filosofia da superioridade “Ariana”, das “raças superiores”
sem imperfeições.
Isso nunca acaba bem!
Comecei
a militar muito cedo, me afastei da política em 2001 e retornei em 2011.
Olhando
para trás posso afirmar que nunca militei em um partido em que tivesse
afinidade 100% com 100% dos seus membros, pelo contrário, sempre tive que
conviver com pessoas, que mesmo no mesmo partido, pensavam diferente. Isso é
absolutamente normal e democrático e está presente em todos os núcleos sociais.
Pense o
partido como uma família, uma família com nove filhos, como a de meu pai, por
exemplo, nove filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Será que todos pensam e se
comportam da mesma forma? Claro que não! Na família, assim como nos partidos,
nas empresas, nos times de futebol, as pessoas podem pensar diferente, pois
cada ser é único e fruto de suas circunstâncias, por isso, que o partido têm um
programa, um estatuto, assim como a religião tem sua bíblia, e quem ingressa no
partido adere àquele programa, e não ao contrário.
Quem
leu algo sobre os regimes totalitários (aconselho que leiam) saberá que a “criação”
de inimigos é uma forma amplamente utilizada para gerar reação, pois, quando vivemos
sobre a regência do “medo” somos facilmente manipulados, nos fechamos, pois
qualquer um pode ser o nosso “inimigo”.
Nas
vésperas de eleições, assim como em momentos como agora, de articulações e
definições, muitos oportunistas e falsos comentaristas, principalmente os com
interesses pessoais e políticos, começam a atacar seus possíveis adversários,
começam a gerar o medo, e criar falsos inimigos. Lembram quanto tempo o
povo ficou reelegendo o PT em Porto Alegre com “medo” de que os “inimigos”
pudessem acabar com o “orçamento participativo”? A história das “privatizações”
é outra “arma” que vira e mexe é apontada contra alguém: Se você votar no
fulano ele vai privatizar a “Petrobras” a “Caixa”... Se votar no candidato tal,
vão ficar sem Bolsa Família!
Quem
lembra que o PMDB, do Sarney, elegeu todos os governadores, com exceção do
Sergipe onde o aliado PFL elegeu o governador, nas eleições de 1986, embalados
pelo Plano Cruzado e pela distribuição de “auxílios” como o ticket de leite? Na
época era uma heresia não votar no PMDB, pois os outros iriam acabar com o “Cruzado”
e as pessoas mais pobres não iam ter mais o “leite”.
Pois é,
recomendo que àqueles que não conhecem essa parte da história, que façam uma
pesquisa, principalmente antes de demonizar, difundir boatos e disseminar o “medo”,
induzidos por “espertinhos” que se aproveitam do seu desconhecimento para te
manipular.
Meu
partido, o PSB, tem muita gente boa!
Em 1920,
na Alemanha, nasceu o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães,
que em 1933, liderado por Adolf Hitler assumiu o poder. O resto da história
todo mundo conhece. Os membros
deste partido consideravam-se superiores, e esse tipo de pensamento tornou-se
muito perigoso para a humanidade.
Com o pouco de experiência que a vida me deu,
percebo que todos nós, em maior ou menor escala, temos um pouco deste
sentimento de superioridade, que nos faz, em certos momentos, achar que somos
melhores que os outros e por vezes nos leva a sermos até “cruéis” com os nossos
semelhantes, principalmente com aqueles que “consideramos” nossos “inimigos”. Confesso
que já agi assim, e tenho buscado, com muito esforço, melhorar isso em mim.
No
sábado, o meu partido, o PSB deu “abrigo” a Marina Silva, e seus companheiros
da REDE, que ficaram impedidos de concorrer nas eleições de 2014, por terem o
registro do partido negado pelo TSE.
Em meio
a esse momento, algumas pessoas, dos mais diversos setores da sociedade, a
maioria ligados ao PT e seus aliados, começaram uma grande onda de agressões contra
o PSB e contra Marina, temendo que essa união possa ameaçar a permanência do PT
no poder (Vou falar sobre Marina, PSB e PT em outra postagem). É preciso
registrar que vi mais elogios do que críticas, mas é preciso reconhecer que houveram
críticas. A maior parte das críticas utilizava-se de alguns novos filiados ao
PSB, como Heráclito Fortes, e Paulo Bornhausen, e a manifestação de apoio de figuras como Ronaldo
Caiado a candidatura de Eduardo Campos. Acusam o PSB de não ser de esquerda e
não ser Socialista por ter aceitado a filiação e o apoio destes caras, reconhecidamente,
considerados de “direita”.
Por
mim, eles não teriam passado nem perto do PSB, como eu sei que, se dependesse
de algumas pessoas, eu também não estaria no PSB. Essa é a realidade, o partido
é feito de um conjunto de pessoas, e precisamos fazer uma continha de chegada,
ou seja, medir, se no somatório geral, temos mais afinidades ou divergências.
Se temos mais afinidades, devemos permanecer no partido e ficar alertas,
participar ativamente das instâncias partidárias, das reuniões, militar, ser
atuante, para que o partido não se desvie de seus valores e princípios. Se
encontrarmos mais divergências, aconselho a procurar outra sigla.
A
probabilidade de encontrar 100% de convergência é praticamente zero, pois,
felizmente, ou infelizmente, não decidimos quem entra e quem sai de nosso
partido, essa decisão cabe a própria pessoa, e ao partido, que possui suas
instâncias coletivas para aprovação e reprovação de filiados, e em cada cidade
e estado a realidade é diferente.
O PSB
ideal para mim, e isso é preciso ficar bem claro: Para mim! Teria uma série de
companheiros que estão no PSB e uma série de outros que não estão no PSB. O meu
PSB teria o Cristóvão Buarque, o Carlos Araújo, o Jean Wyllys, o Pedro Ruas, o
Miro Teixeira, a Juliana Brizola, a Dilma e outros políticos que admiro. O “meu”
PSB não teria o Heráclito, o Bornhausen, o Pastor Eurico, e outros companheiros
com quem não tenho nenhuma afinidade. Que bom que fosse assim!
Porém,
nem que eu tivesse o meu próprio partido teria a garantia de que ele fosse
composto por todas as pessoas que eu admiro e respeito, pois além da minha
vontade de tê-las a meu lado, teria que contar com a vontade deles também.
Já fiz
aqui uma postagem sobre a criação de novos partidos e essa dificuldade que
temos de encontrar nos partidos atuais, aqueles que atendam integralmente
nossas expectativas. O nosso individualismo, ou a nossa vontade de fazer a
coisa certa, por vezes nos leva a pensar que o mundo ideal seria aquele na qual
temos o total controle, na qual temos o total poder. Infelizmente não é assim,
e como disse no exemplo, o fato de termos o nosso próprio partido não significa
que ele se transforme no partido de nossos sonhos, pois entre sonho e realidade
há uma diferença.
Milito no PSB desde 2011, foi a trincheira que
escolhi para travar minha luta por um Brasil melhor, após mais de uma década de
afastamento da militância. Têm gente no PSB que eu não gostaria de chamar de
companheiro, porém existe um número de companheiros, infinitamente maior, com que
me sinto absolutamente confortável em dividir a trincheira. O PSB tem muita
gente legal, gente bem intencionada e competente, e não vai ser uma minoria que
irá macular uma bela história construída em anos de luta.
Estou
feliz com a “filiação transitória” dos militantes da REDE, pois entendo que
eles mereciam participar do processo eleitoral, por sua história e por seu
esforço, acho que podemos todos, aprender muito com essa experiência.
Desculpe
se não agradamos a todos!