quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Esquerda eu?


Uma das coisas que aprendi com a maturidade é que, por pior que seja a situação, ela sempre nos proporciona um aprendizado. Essas eleições, que estão sendo uma das piores que já vi na minha vida, tamanha é a insanidade do debate, me fizeram descobrir que não sou uma pessoa de esquerda, acho inclusive que nunca fui, e tenho a impressão que não serei. Há poucos dias escrevi que era de esquerda, pois esqueçam, eu estava enganado!

Olhando o debate e a forma com que estão utilizando o termo “ser de esquerda” me faz desejar não ser nada. Percebi que é uma bobagem este estereótipo, e que a mim ele não faz nenhuma diferença. Não sinto a menor vontade de querer ser qualificado de nada, reconhecido por nenhuma denominação, quero apenas ser eu mesmo e viver conforme aquilo que acredito.


Rejeito qualquer denominação que me obrigue a fazer coisas que não quero e na qual não acredito, pois teria que fazer uma reprogramação no meu caráter que definitivamente me descaracterizaria. Não quero deixar de ser amigo de alguém porque ele é de direita e eu sou de esquerda, ou vice versa. Quero ser amigo de quem eu quiser independente de sua posição política, assim como não quero ser obrigado a ser amigo de alguém só porque é do mesmo campo político.

Quero olhar para uma ideia e gostar dela sem precisar pedir para fazer DNA para saber se ela foi pensada por alguém de direita ou de esquerda. Para mim, ideia boa é ideia boa, e não deixa de sê-la porque não é de minha autoria ou dos meus!

Quero poder considerar errado desviar o dinheiro público por quem quer que seja, independente se muito ou pouco, e para qual finalidade!

Quero poder dizer coisas legais e ruins, errar e acertar!

Quero poder perdoar, dar segunda, terceira, infinitas chances, ou nenhuma também! Assim como quero achar que ninguém é alguém com capacidade de achar que possa ser digno de conceder perdão.

Quero continuar amando o diferente, o “estranho”, o “fora de padrão” sem precisar concordar com suas escolhas. Não preciso ser igual para respeitar!

Quero ser aquilo que me faz feliz e me honra!

Quero ter e mudar de ideia quantas vezes eu quiser, e não precisar usar de meu tempo e das oportunidades que tenho, para satisfazer as necessidades “egóicas” de quem quer que seja.

Não quero ser obrigado a difamar, caluniar e destruir a reputação de alguém simplesmente porque não faz parte do meu grupo político. Sempre declarei que levo uma vida com o olhar na minha morte, pensando no que as pessoas dirão as minhas filhas sobre mim. Quero que quando alguém diga que é minha filha, ou neto, as pessoas digam que fui um cara de bem e contem porque vivi. Não consigo imaginar minhas filhas e meus netos verem alguém falando mentiras sobre mim, me chamando de tudo que é coisa, destruindo minha reputação nas redes sociais, sem ao menos me conhecerem, movidos pelo simples fato de eu não ser do mesmo “lado” deles.

Cansei de gente querendo me aprisionar, me enquadrar em modelos, em comportamentos! Que coisa mais chata!

Covardia? Não, coragem! Coragem de dizer NÃO a uma prática que reprovo; coragem para dizer NÃO a uma camisa de força que quer me aprisionar; coragem para dizer NÃO a um estereótipo que quer limitar meu bom senso, minha consciência e meu senso crítico.

E a esquerda? Sinceramente? Não faz nenhuma diferença em minha vida eu me autodenominar “de esquerda” ou ser denominado por alguém como tal, pois isso não faz de mim alguém melhor, nem pior do que ninguém. As pessoas chegam ao absurdo de considerar que ser “de esquerda” é uma qualidade, e tem outros que acham que ser “de direita” é que é uma qualidade. Nunca consegui entender o por que. Isso virou uma modinha que até o Collor, o Maluf, o Sarney e o Calheiros aderiram.  

Não, não sou de esquerda, não sou de direita, não sou de centro, simplesmente não sou nada! Fiquem vocês com seus selos, com seus rótulos, com suas plaquinhas, que fico com minha consciência!

Por fim, agradeço a intolerância de algumas pessoas, pois sem ela, não teria feito uma descoberta tão libertadora!


Sejamos todos Felizes!

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Para ser de esquerda precisa ser PTista?

Amigos, nós que militamos na política, devemos satisfação aos nossos amigos, principalmente aqueles, que como eu, já concorreram a um cargo público, e mais ainda aqueles que ocupam cargos públicos, pois é comum e natural que nossos eleitores, amigos e familiares, nos tenham como referência e acompanhem nossas escolhas.

Por mais antiquado que possa ser a denominação, sou um militante de esquerda, e como tal, direciono minha prática política com o objetivo de construir uma sociedade mais equilibrada, com menos desigualdades sociais, com melhor qualidade de vida e com melhor distribuição de renda. Minhas escolhas políticas sempre levam esses fatores em consideração, e por este motivo que abracei, desde o início, a candidatura de Eduardo Campos, e depois a de Marina Silva, não só por representarem minha sigla partidária, mas por representarem um projeto que acredito.

Passadas as eleições é preciso respeitar o desejo do povo, manifestado de forma democrática através do voto e, portanto, aceitar que não fomos escolhidos para governar o Brasil.

Fiz algumas manifestações nas redes sociais e um amigo me cobrou coerência em relação ao PT, afirmando que eu estava “mudando de lado”, respondi a ele e agora esclareço a quem ainda tem dúvidas sobre o meu posicionamento.

Minha militância partidária começou no MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) na década de 80, depois fui para o PDT de onde sai em 2000 juntamente com um grupo de companheiros para apoiar Tarso Genro para a prefeitura de Porto Alegre. Em 2001, esse grupo, que incluía a Presidente Dilma, filiou-se ao PT e eu optei por deixar a militância partidária. Só voltei a me filiar em um partido político em 2011 optando pelo PSB, partido que milito até o presente momento.

Participei de três governos no Rio Grande do Sul: Collares e Olívio, pelo PDT e Tarso, pelo PSB. Sempre contribui neste campo e tive a oportunidade de ingressar no PT e não o fiz, pois, embora reconhecendo sua importância, nunca me vi militando no PT.

NUNCA fui PTista! SEMPRE fui crítico ao PT, por sua relação com as demais forças de esquerda do país, por se acharem a “bolachinha mais recheada” do pacote, sendo o parâmetro para denominar quem é de esquerda ou de direita, mais ou menos assim: Está com o PT, é de Esquerda! Não está com o PT, é de Direita! Com esse pensamento, tentam fazer o povo pensar que Sarney, Collor, Calheiros, Maluf, são de esquerda. No Maranhão, por exemplo, preferiram fortalecer a candidatura de Lobão Filho (PMDB) apoiado pela família Sarney e as oligarquias locais, contra a candidatura de Flavio Dino (PCdoB). Eu sempre fiquei muito indignado com essa postura, o que nunca me impediu de reconhecer os méritos do PT e confiar o meu voto a eles, a ponto de deixar um partido onde me sentia em casa, o PDT, para manter minhas convicções de “esquerda” e apoia-los. Ironicamente ontem escutei o Governador Tarso Genro elogiando o Collares, que era seu adversário em 2000 e foi o pivô de nossa saída do partido, dizendo que ele era a grande “referência” do PDT, tudo porque a executiva do PDT tirou o indicativo de apoiar Sartori, mesmo tendo participado do governo Tarso, e o único que o defendeu foi o Collares. Como esse mundo dá voltas!

Agora estamos novamente em uma encruzilhada. Nos últimos 20 anos, tivemos que escolher entre um candidato do PT e outro do PSDB, e minha esperança era que este ano fosse diferente. Eu sempre me posicionei a favor do PT nesta polarização, mesmo nas eleições em que o FHC derrotou o Lula. O meu partido, mesmo antes de eu ingressar nele, também esteve ao lado do PT em todas as eleições desde 1989.

Aí eu pergunto: Após ter vivenciado a experiência de ver o presidente do meu partido e candidato a presidência da república, Eduardo Campos, juntamente com outros companheiros, morrerem em uma tragédia que chocou todo o Brasil; Após o PSB ter construído uma história digna no campo da esquerda, colaborado com importantes lideranças para os avanços que alcançamos no país; Após termos estado a par e passo com o PT nestes anos todos, é correto o tratamento que o PT nos deu no primeiro turno? O PT tratou o PSB com o respeito que merecíamos por toda a nossa história?  A prática PTista foi condizente com os princípios democráticos que sempre pregamos? O PSB não tinha o direito de ter uma candidatura própria? A estratégia de desconstrução pessoal e política, através de calúnias, difamações e mentiras, foram condizentes com a ética republicana que defendemos?

O mais humilde dos cidadãos sabem que o PT não foi digno com o PSB, e que atacou o pessoal de todos nós, nos desqualificando, desqualificando nossos candidatos usando de práticas abomináveis e, portanto, ficamos impossibilitados moralmente de estarmos ao seu lado neste segundo turno. Se antes eu tinha a certeza absoluta, 100% de certeza, que em uma polarização entre Dilma e Aécio eu apoiaria e votaria em Dilma, hoje eu tenho certeza de que se apoiar Dilma me sentirei envergonhado perante minhas filhas. Isso quer dizer que apoiarei o Aécio? Não! Simplesmente não decidi que posição tomar no segundo turno. Meu partido irá se reunir para decidir como se posicionará, e depois, pensarei, com muita calma, qual será a minha posição pessoal. O certo é que, para mim, é muito difícil escolher, pois é “o sujo falando do mal lavado”.

O PT escolheu o adversário do segundo turno, quis Aécio, imaginando ser ele o mais fácil de superar no segundo turno, preferiu correr o risco de perder a eleição para um candidato mais conservador (No segundo turno os dois candidatos tem chances de vitória) do que permitir que uma candidata do campo de esquerda se viabilizasse. Preferiram fazer uma campanha de desconstrução da candidatura do PSB, livrando o candidato do PSDB possibilitando seus crescimento, e com ele todos os seus aliados, e agora querem dizer que nós estamos querendo entregar o Brasil na mão do PSDB. Não teria sido exatamente o PT que preferiu correr o risco de entregar o Brasil na mão do PSDB do que para o PSB?


Assim amigos, fica registrada minha posição. Não vejo NENHUMA legitimidade no PT e nos PTistas para determinarem quem é de esquerda ou de direita. Não após os governos que realizaram, e muito menos agora, após o PT terem ajudado na eleição de um dos congressos mais conservadores da história recente do país (Assunto que tratarei em uma postagem futura).