Amigos,
nós que militamos na política, devemos satisfação aos nossos amigos,
principalmente aqueles, que como eu, já concorreram a um cargo público, e mais
ainda aqueles que ocupam cargos públicos, pois é comum e natural que nossos
eleitores, amigos e familiares, nos tenham como referência e acompanhem nossas
escolhas.
Por
mais antiquado que possa ser a denominação, sou um militante de esquerda, e
como tal, direciono minha prática política com o objetivo de construir uma sociedade
mais equilibrada, com menos desigualdades sociais, com melhor qualidade de vida
e com melhor distribuição de renda. Minhas escolhas políticas sempre levam
esses fatores em consideração, e por este motivo que abracei, desde o início, a
candidatura de Eduardo Campos, e depois a de Marina Silva, não só por
representarem minha sigla partidária, mas por representarem um projeto que
acredito.
Passadas
as eleições é preciso respeitar o desejo do povo, manifestado de forma
democrática através do voto e, portanto, aceitar que não fomos escolhidos para
governar o Brasil.
Fiz
algumas manifestações nas redes sociais e um amigo me cobrou coerência em
relação ao PT, afirmando que eu estava “mudando de lado”, respondi a ele e
agora esclareço a quem ainda tem dúvidas sobre o meu posicionamento.
Minha
militância partidária começou no MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) na
década de 80, depois fui para o PDT de onde sai em 2000 juntamente com um grupo
de companheiros para apoiar Tarso Genro para a prefeitura de Porto Alegre. Em
2001, esse grupo, que incluía a Presidente Dilma, filiou-se ao PT e eu optei
por deixar a militância partidária. Só voltei a me filiar em um partido
político em 2011 optando pelo PSB, partido que milito até o presente momento.
Participei
de três governos no Rio Grande do Sul: Collares e Olívio, pelo PDT e Tarso,
pelo PSB. Sempre contribui neste campo e tive a oportunidade de ingressar no PT
e não o fiz, pois, embora reconhecendo sua importância, nunca me vi militando
no PT.
NUNCA
fui PTista! SEMPRE fui crítico ao PT, por sua relação com as demais forças de
esquerda do país, por se acharem a “bolachinha mais recheada” do pacote, sendo
o parâmetro para denominar quem é de esquerda ou de direita, mais ou menos
assim: Está com o PT, é de Esquerda! Não está com o PT, é de Direita! Com esse
pensamento, tentam fazer o povo pensar que Sarney, Collor, Calheiros, Maluf, são
de esquerda. No Maranhão, por exemplo, preferiram fortalecer a candidatura de
Lobão Filho (PMDB) apoiado pela família Sarney e as oligarquias locais, contra
a candidatura de Flavio Dino (PCdoB). Eu sempre fiquei muito indignado com essa
postura, o que nunca me impediu de reconhecer os méritos do PT e confiar o meu
voto a eles, a ponto de deixar um partido onde me sentia em casa, o PDT, para
manter minhas convicções de “esquerda” e apoia-los. Ironicamente ontem escutei
o Governador Tarso Genro elogiando o Collares, que era seu adversário em 2000 e
foi o pivô de nossa saída do partido, dizendo que ele era a grande “referência”
do PDT, tudo porque a executiva do PDT tirou o indicativo de apoiar Sartori,
mesmo tendo participado do governo Tarso, e o único que o defendeu foi o
Collares. Como esse mundo dá voltas!
Agora
estamos novamente em uma encruzilhada. Nos últimos 20 anos, tivemos que
escolher entre um candidato do PT e outro do PSDB, e minha esperança era que
este ano fosse diferente. Eu sempre me posicionei a favor do PT nesta
polarização, mesmo nas eleições em que o FHC derrotou o Lula. O meu partido,
mesmo antes de eu ingressar nele, também esteve ao lado do PT em todas as
eleições desde 1989.
Aí eu
pergunto: Após ter vivenciado a experiência de ver o presidente do meu partido
e candidato a presidência da república, Eduardo Campos, juntamente com outros
companheiros, morrerem em uma tragédia que chocou todo o Brasil; Após o PSB ter
construído uma história digna no campo da esquerda, colaborado com importantes
lideranças para os avanços que alcançamos no país; Após termos estado a par e
passo com o PT nestes anos todos, é correto o tratamento que o PT nos deu no
primeiro turno? O PT tratou o PSB com o respeito que merecíamos por toda a
nossa história? A prática PTista foi
condizente com os princípios democráticos que sempre pregamos? O PSB não tinha
o direito de ter uma candidatura própria? A estratégia de desconstrução pessoal
e política, através de calúnias, difamações e mentiras, foram condizentes com a
ética republicana que defendemos?
O mais
humilde dos cidadãos sabem que o PT não foi digno com o PSB, e que atacou o
pessoal de todos nós, nos desqualificando, desqualificando nossos candidatos
usando de práticas abomináveis e, portanto, ficamos impossibilitados moralmente
de estarmos ao seu lado neste segundo turno. Se antes eu tinha a certeza
absoluta, 100% de certeza, que em uma polarização entre Dilma e Aécio eu
apoiaria e votaria em Dilma, hoje eu tenho certeza de que se apoiar Dilma me
sentirei envergonhado perante minhas filhas. Isso quer dizer que apoiarei o
Aécio? Não! Simplesmente não decidi que posição tomar no segundo turno. Meu
partido irá se reunir para decidir como se posicionará, e depois, pensarei, com
muita calma, qual será a minha posição pessoal. O certo é que, para mim, é
muito difícil escolher, pois é “o sujo falando do mal lavado”.
O PT escolheu
o adversário do segundo turno, quis Aécio, imaginando ser ele o mais fácil de
superar no segundo turno, preferiu correr o risco de perder a eleição para um
candidato mais conservador (No segundo turno os dois candidatos tem chances de
vitória) do que permitir que uma candidata do campo de esquerda se
viabilizasse. Preferiram fazer uma campanha de desconstrução da candidatura do
PSB, livrando o candidato do PSDB possibilitando seus crescimento, e com ele
todos os seus aliados, e agora querem dizer que nós estamos querendo entregar o
Brasil na mão do PSDB. Não teria sido exatamente o PT que preferiu correr o
risco de entregar o Brasil na mão do PSDB do que para o PSB?
Assim
amigos, fica registrada minha posição. Não vejo NENHUMA legitimidade no PT e
nos PTistas para determinarem quem é de esquerda ou de direita. Não após os
governos que realizaram, e muito menos agora, após o PT terem ajudado na
eleição de um dos congressos mais conservadores da história recente do país
(Assunto que tratarei em uma postagem futura).
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