Com
a popularização da Internet, e a democratização da rede, transformando todos
nós em potenciais formadores de opinião, começamos a ter novos fenômenos,
verdadeiros personagens da vida moderna. Lembro agora, dois símbolos desta era,
a adolescente Isadora Faber que criou o Diário de Classe e possui mais de
500.000 seguidores, e o jovem carioca Rene Silva Santos que possui mais de
47.000 seguidores no twitter e criou o Jornal Voz da Comunidade no complexo do
Alemão.
Mas,
se por um lado temos personagens de carne e osso, temos outros que não podemos
tocar, um deles é o fake ("falso" em inglês), identidades
falsas, por vezes utilizando-se de nomes de personalidades ou apenas ocultos
por um codinome, que povoam a Internet, e que na maioria das vezes, com algumas
exceções, é claro, escondem os “velhos covardes” de sempre.
A VELHA “INDÚSTRIA DO BOATO”
GANHA UM IMPORTANTE ALIADO
Em
um mundo onde honestidade e honra, são cada vez mais difíceis de encontrar, a
Internet trouxe a massificação desses “sentimentos ocultos” dentro de cada um
de nós, que acabam ganhando adeptos, seguidores e etc. Desta forma, a velha
“indústria de boatos”, ganhou uma importante ferramenta, e transformou muitas
“mentiras” em “verdades” e “colocou palavras” na boca de muita gente, por isso
é cada vez mais raro encontrarmos informação com credibilidade.
A
Política e o show business, sem dúvida, são onde a “fofoca” faz a festa, pois é
notícia plantada o tempo todo. Bastou alguém colocar no twitter, facebook, em
algum blog, que fulano de tal namora siclano (no caso dos artistas), ou que
fulano está com o cargo por um fio (no caso da política) pronto, lá se foi a
vida da pessoa pelo ralo, e como cada um que conta um conto, aumenta um ponto,
o negócio toma uma dimensão, por muitas vezes desumana.
O TELEFONE SEM FIO DO SÉCULO
XXI
Quando
era guri brincávamos de “telefone sem fio” que funcionava assim: fazíamos uma
fila, a primeira pessoa sussurrava no ouvido do companheiro ao lado, uma frase,
aquele que ouviu, transmitia, também ao “pé do ouvido”, o que escutará ao
companheiro do lado, e assim sucessivamente até o último, e ele teria de
repetir, em voz alta o que escutou. Era muito engraçado ver o resultado,
morríamos de rir, pois geralmente era uma frase bem diferente do que o primeiro
falou, dependendo da complexidade da frase inicial, o resultado era
inimaginável. Hoje a Internet é o nosso telefone sem fio, onde as pessoas
reproduzem o que ouviram, ou viram e aí é um “Deus me acuda!”. É um morre
gente, ressuscita gente, demite, admite, casa, separa, é Fake dando notícia
como “fonte confiável”, é uma doideira total.
A IMPRENSA E SUAS “FONTES
CONFIÁVEIS”
A
estas alturas, você deve estar se perguntando onde eu quero chegar. Uns já
devem estar dizendo: Lá vem o Serginho querendo censurar a Internet, controlar,
botar cabresto. Nada disto! Só quero alertar para que, em tempos como agora,
redobremos nossa atenção em relação às informações que nos chegam, pois até a
imprensa se contamina com isso, e dá muita “barrigada” por levar em
consideração “notícias plantadas”.
Para
ilustrar uso três casos:
1. Em
1993 o então Deputado Federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) foi cassado, após ter
comandado o impeachment de Collor, e o pivô
desta cassação foi uma matéria na revista Veja que revelou-se falsa, e que ano
depois foi desmascarada. (Confiram: http://www.istoe.com.br/reportagens/11043_A+VERDADE+APARECE Leiam também http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/um_exemplo_de_antijornalismo
Coloquei as duas, pois uma contesta a versão da Veja, e a outra contesta a
versão da Istoé, sobre a versão da Veja. Em qual devemos acreditar?)
2. Durante as eleições saiu uma notícia de que
havia um vídeo rodando na Internet, onde a então candidata a Prefeita, Manuela
D’ávila, aparecia fumando maconha na universidade, por onde andava as pessoas
falavam sobre o assunto, e uns chegaram a dizer que haviam visto o tal de
vídeo, pois, revirei a Internet e não encontrei, e ninguém sabia me dizer onde
encontrar. Alguém viu o vídeo e pode me indicar? Ou será que esse vídeo nunca
existiu e tudo não passou de boato, plantado por seus adversários?
3. Esta
semana na ZH em uma coluna conceituada, ao comentar sobre a RS 010, a colunista
publicou o seguinte texto: “Beto queria ou o projeto original, ou
nada. E se opôs à tentativa do governo de trazer a EBP (Empresa Brasileira de
Projetos) para fazer o projeto, o que atrasou quase um ano a discussão. Ele
deixou uma herança negativa – diz uma
figura influente no Piratini.” Pois é, Figura influente. O que seria uma figura influente
neste caso? Um Secretário? Um assessor? Um dirigente? Como alguém pode
respeitar uma declaração desta importância, que faz uma acusação desta
natureza, sem dar a oportunidade de, nós mesmos, avaliarmos se essa pessoa é
realmente “uma figura influente no Piratini”?
Como que um jornal publica uma declaração assim? Alguém sem nome, sem
cargo, anônima. Pode ser um Fake, uma notícia plantada, um intriga e também uma
fofoca. Como saberemos? Notícias como essa acabam sendo comuns, e tem o único
objetivo de gerar “intrigas” e “falsas crises”.
CAUTELA E CALDO DE GALINHA
NÃO FAZEM MAL A NINGUÉM
Pois
a política virou uma fofoca só, poderia relatar uma série de fatos para
ilustrar isso, mas o certo, é que não podemos nos deixar influenciar por
“informações anônimas” Se a pessoa não se apresenta, é porque não quer
sustentar o que diz, e se não sustenta, é porque tem grande chance de ser
mentira. Não vivemos mais na ditadura, onde a divergência era punida com
tortura e morte, hoje podemos manifestar livremente nossa opinião e, portanto,
o anonimato é uma “covardia”, que só se justifica em casos extremos.
Temos
que redobrar nossos cuidados, pois se você leu as matérias que coloquei no caso
Ibsen verá que uma desmente a versão antiga da veja, e a outra desmente a Istoé,
sobre a versão da veja. Seguindo a prática de Adam Sun, autor da matéria
desmentindo a istoé, falecido em 2008(http://colunistas.ig.com.br/mauriciostycer/2008/09/30/adam-sun-e-a-arte-da-checagem/?doing_wp_cron) chequei quem ele era, e percebi que trabalhou na Veja e na Época, e que não
trabalhou na Istoé. Será que isso o faz suspeito para analisar a matéria da
Istoé? Será que não teríamos que ter alguém para analisar e checar a matéria do
Abam Sun? E outra pessoa para analisar e checar a matéria de que analisou e
checou a dele? Onde pararíamos se fosse assim?
Neste
momento acompanhamos as notícias sobre a blogueira
cubana Yoani Sánchez. É uma guerra de versões, defesas e acusações,
multiplicadas por toda a rede, vale a pena acompanhar.
Por
tudo isso, precisamos tomar mais cuidado quando emitimos uma opinião, ou
fazemos juízo de alguém, pois se a fonte não for de confiança e se não tomarmos
o cuidado de pensar bem sobre o assunto e ouvir mais, poderemos cometer
injustiças e machucar as pessoas.
"O fato
de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não
seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade,
é mais provável que uma opinião difundida seja tola do que sensata."
( Bertrand Russell )
( Bertrand Russell )
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