Quero estrear o espaço CURTI inaugurando
também uma nova forma de encarar o blog. Até aqui ele serviu para que eu
publicasse aquilo que quero dizer, minhas experiências, minhas opiniões, porém,
agora, também publicarei aquilo que não fui eu que escrevi, mas que considero
importante que aqueles que me acompanham leiam, algo que gostaria de ter
escrito, artigos interessantes, notícias e etc.
O Artigo reproduzido abaixo foi publicado na Zero
Hora de hoje, 21/08/2013 e propõem uma importante reflexão.
Boa Leitura!
Partidos políticos ou sabonetes?
por Cleber Benvegnú (JORNALISTA E CONSULTOR POLÍTICO)
Os partidos brasileiros, adotando um viés consumista por cargos, dinheiro e espaços de poder, assumiram a estratégia do sabonete – inclusive no sentido de que deslizam com facilidade. Isto é: viraram mero subproduto do marketing, marionetes adaptáveis a qualquer situação. Confundiram-se. Igualaram-se. Coisificaram-se. E, faz muito tempo, deixaram de inspirar e de liderar. Formaram uma grande geleia geral.
Isso não quer dizer que as ideologias acabaram.
Ainda é possível identificar raciocínios com matriz ideológica. Porém, na
medida em que trocam as ideias por mero jogo de curto prazo, os partidos
caminham para um gradual esgotamento – se não como instituição, certamente como
significação. E eis que, na perspectiva da coerência, só sobram os extremistas
– coerentes com suas próprias maluquices e, benza Deus, aceitos por ínfima
parcela da população.
"As legendas, salvo raras iniciativas, abdicaram de pensar. Abriram mão de suas ideias. Desistiram de formar opinião. Pesquisas quantitativas e qualitativas, para medir o que o povo quer, tomaram lugar dos cursos de preparação de líderes."
Nessa expectativa de agradar a todos, muitas
siglas acabam descuidando de seus potenciais públicos cativos. Basta ver que,
enquanto grande parte dos brasileiros se identifica com ideias conservadoras
(de base judaico-cristã), as agremiações com essa origem fogem desse viés
direitista. Covardemente, aceitam a própria pejoração.
Mudar esse cenário passa por assumir
identidades. Ter lado, ter cara, ter posição, ter bandeira – por mais que
desagrade a parte do eleitorado. A descrença do ambiente partidário, portanto,
não é apenas de representação. É também, e acima de tudo, uma crise de
inspiração e de liderança. O povo cansou de sabonetes na política. Está na hora
de políticos e partidos de verdade.
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