Essa é
uma das reflexões mais polêmicas da minha vida.
Sou do
tipo de pessoa que está sempre brigando consigo mesmo. Antes de opinar faço uma
longa e demorada reflexão sobre tudo e ás vezes fico dias refletindo sem chegar
a uma conclusão.
Quando
cheguei aos 40 anos, vivi uma crise e questionei muito a minha vida até ali.
Depois de um bom tempo, percebi que, de certa forma, minhas ideologias
deturpavam minha visão sobre a realidade e desde lá venho tentando corrigir
isso, o que confesso, não é nada fácil.
Porque
resolvi abordar este assunto? Porque percebo, nos saudáveis debates que o país
está fazendo, após as manifestações populares, que a população é bombardeada
com uma série de versões sobre os acontecimentos e se, costumeiramente, é comum
recebermos mais de uma versão sobre o mesmo fato, atualmente, com a internet, recebemos
dezenas de versões sobre os fatos, todas ricamente filtradas pela ideologia de
quem às difundem, criando uma onda gigantesca de confusões onde a primeira
vítima é a verdade.
O
período em que atuei na Fundação Thiago de Moraes Gonzaga foi bastante
depurador para minha alma, pois a ideologia das pessoas não as impedia de
lutar, unidas, pelo objetivo maior, a Vida, e essa entendimento só era quebrado
por àqueles que não conseguiam se libertar de seus preconceitos ideológicos,
nos demais, a harmonia era plena.
Hoje,
olhando para o passado, percebo que, tanto em mim, como em muitas pessoas a
minha volta, as crenças ideológicas, tanto políticas, como religiosas, que
atualmente andam cada vez mais juntas, agiram como geradoras de preconceitos e
discriminação, e mais separam do que uniram.
Lembro
uma passagem de minha vida muito ilustrativa: Iniciei minha militância no MR8,
uma organização de esquerda, hoje Partido da Pátria Livre e, certa vez,
participei de um Congresso da UGES em Soledade. Naquela época, quem não era dos
nossos era de “Direita”, eu me achava o suprassumo da esquerda, o resto era
reacionário (Não tinha nem 18 anos nesta época), e marquei uma pessoa que
compunha o grupo adversário.
O tempo
passou! Ingressei no PDT e um dia na reunião da Juventude Socialista eu me
deparo com essa pessoa. PQP esse “direitoso” aqui? Pensei eu. E já fui
avisando: Deixa esse “direita” longe de mim!
O tempo
tornou a passar: Conheci melhor esse cara, ele se tornou meu grande amigo,
participou do núcleo “Che Guevara” comigo e é como um irmão para mim. Só posso contar essa história hoje, porque,
não sei como, me dei a oportunidade de conhecê-lo, pois, o julgamento que fazia
dele era sem nenhum conhecimento. Nada sabia sobre ele e jamais
havíamos trocado nenhuma palavra sequer, e não consigo, até hoje, entender
porque tinha tantas certezas sobre ele.
Tirei
muitas lições disto, e de tantos outros acontecimentos de minha vida. Hoje,
procuro conhecer as pessoas, ouvi-las, antes de tirar conclusões; Não faço
julgamentos pelas opiniões dos outros, procuro sempre ouvir o que as pessoas têm
a dizer sobre alguém, e só formo opinião após eu mesmo conhecê-la; Não
aceito a primeira versão sobre nada, principalmente de quem esta diretamente
envolvido, pois, temos a tendência de ser parciais quando o assunto envolve a
nós mesmos, conheci muito poucas pessoas com senso de autocrítica apurados.
Quando
escuto opiniões, procuro me concentrar no conteúdo e não no acessório, que em
suma quer dizer que independente de quem venha e da forma que venha, procuro
ver se o que está sendo dito faz algum sentido, pois, não somos a única forma
de vida inteligente na terra, existe sabedoria nos outros também.
Procuro
ser coerente em minhas atitudes e em minhas reflexões, algo muito difícil, é
preciso registrar, pois, acabamos por amenizar, e até aceitar, coisas erradas
vindas de pessoas de quem gostamos, ou por quem nutrimos simpatia. Por
fim, tenho que admitir que a verdade não me pertence, e o que sei, é que nada
sei, pois tudo que expresso, das formas mais diversas, passou antes pelo filtro
das minhas ideologias.
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