Hoje é véspera
de feriado da Proclamação da República e ontem li o desabafo de uma amiga no
Facebook que dizia o seguinte: “Enquanto uns
competem carro e beleza, outros se unem em favor da sobrevivência. Será apenas
uma realidade cruel? Ou será consequência da própria miséria
(ética/moral/intelectual) que o homem se encontra na atualidade? Tá tudo tão
errado que não sei nem por onde começar. Chega a doer. Até quando..?”
Não sei do que ela
falava especificamente, mas estava incomodada com aquilo que ela chamou de
miséria (ética/moral/intelectual). Há pouco mais de 2 anos retornei a militar
em um partido político, e neste período tenho tentado me adaptar aos “novos
tempos” o que, confesso, não tem sido nada fácil, pois os partidos políticos
são parte de nossa sociedade e portanto sofrem dos mesmos problemas. Enganam-se
aqueles que acham que são coisas separadas.
Quando comecei a
fazer política, na década de 80, nossos sonhos políticos eram imensos, pois queríamos
mudar o mundo, e nossos objetivos materiais mínimos, tendo um pão e um pouco de
água, saíamos daqui e íamos para Brasília protestar. Assim como no comercial do
cartão de crédito, algumas coisas não tinham preço (ideais, ética, moral, companheirismo,
solidariedade, eram algumas destas coisas que dinheiro nenhum comprava). Infelizmente isso
mudou. Hoje tem muita gente trocando moral por Iphone e outros tantos valores
importantes por qualquer quinquilharia. Me faz lembrar o período do descobrimento,
quando os portugueses levavam nossas riquezas em troca de colares e
espelhinhos.
A política está
assim, mas, porque a sociedade está assim. As pessoas esqueceram que nosso trabalho
pode ter um preço, e cada um estipula o seu. Quanto vale uma hora de teu
trabalho? Porém, seus valores, sua integridade, sua honestidade, sua moral,
seus ideais e sua alma, não poderiam ser vendidos por preço nenhum, pois,
depois que vendê-los, não haverá dinheiro no mundo que lhe proporcione comprá-los
de volta.
Sempre falo, sob
protesto de alguns amigos, que o Capitalismo é um sistema perverso que corrompe
a alma das pessoas, e a cada dia que passa acho essa frase mais verdadeira,
bastando apenas analisar fatos cotidianos da vida que vivemos.
Quantas pessoas
você conhece que, mesmo ganhando um salário pequeno ou trabalhando naquilo que
não gostam, fariam “qualquer coisa” para se manter no emprego?
Quantas pessoas
você conhece que fazem um gato na NET para não pagar R$ 100,00 pelo pacote
mensal?
Não quero dimensionar
o que é certo ou o que é errado, pois isso é relativo ao conjunto de valores
pessoais de cada um de nós, mas quero que se perguntem o que realmente tem
valor em nossas vidas e qual o valor que damos para estas coisas.
Qual o valor das pessoas?
Qual o valor da
vida? Essa é de resposta fácil, todos sempre respondem que a vida não tem
preço, porém, nunca se perguntam sobre o valor da vida que se leva. Quanto
pagamos em sofrimento, em tristeza, pela vida que levamos?
Quanto pagamos para
manter um sistema e um estado de coisas que nos faz infeliz? Quanto vale a
nossa felicidade?
Qual o valor que
pagaríamos para andar de cabeça erguida, dar bom exemplo aos filhos e ter
orgulho do que somos?
Quanto pagaríamos
para compreender qual o verdadeiro sentido da felicidade?
Precisamos, de
forma individual e coletiva, descobrir o valor das coisas, saber o que é
possível ser comprado e aquilo que não tem preço. Enquanto isso não acontecer
teremos que fazer a pergunta que minha amiga fez, sem encontrarmos a resposta:
Até quando?
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