Hoje se
encerra o feriado de Proclamação da República. Em épocas de redes sociais, acompanho
a programação de muitos de meus amigos durante o feriadão, viajando, na praia,
fazendo churrasco, curtindo muito o feriado, e todos sem exceção, exaltam a
vida nestes momentos. Poucas coisas
deixam as pessoas tão felizes do que o Dolce far niente de aproveitar o lazer.
Por isso, as pessoas adoram tanto os feriados.
Mas não
foi para falar das múltiplas atividades de lazer de meus amigos que estou
escrevendo. O que me inspirou a escrever foi que hoje, pela manhã, por volta de
6h00 fui desempenhar minhas atividades de pai, e buscar minha filha na casa de
um colega, onde fizeram uma festa esta noite.
Quem é
pai sabe como é, dorme-se pouco e acorda na madrugada para buscá-los. Este
final de semana redobrei os cuidados, pois estou impactado com o que aconteceu
com um pai que foi buscar a filha em uma festa e teve seu carro atingido por
outro motorista, causando a morte prematura de uma adolescente de 15 anos.
Pensava o tempo todo nisso, em como sentimos que estamos garantindo a segurança
de nossos filhos desempenhando, nós mesmos, a função de levar e buscar nossos
filhos nas suas atividades noturnas. É duro saber que esse esforço todo não
garante nada, se do outro lado tiver alguém que não está se importando com
isso, que conduz seu veículo sem se preocupar com a sua segurança e a de
terceiros.
Mas,
também não foi por isso que resolvi escrever. O que me motivou, foi o grande
número de pessoas que vi nas paradas de ônibus durante o percurso, pessoas que
estavam indo ou retornando do trabalho. Pessoas com uniformes de empresas,
trabalhadores em geral. Pessoas para quem o feriado não foi de descanso, mas de
trabalho. Poucas sorriam, o que contrastava com as imagens de meus amigos que
estavam aproveitando o feriado. Imaginava eu o que se passava na cabeça destas
pessoas e em quantas delas gostariam de estar aproveitando o feriado à beira de
uma praia qualquer.
O mundo
do trabalho tem disso, nem sempre o final de semana tem o mesmo significado
para todos, para uns é lazer, para outros é trabalho. Pela natureza de minha
profissão de fotógrafo, sempre foi rotina trabalhar enquanto os outros curtem,
assim como os garçons, os recreacionistas e tantos outros profissionais da área
de festas, nossa função era trabalhar para que as pessoas pudessem aproveitar,
e o lazer delas é nosso trabalho. Eu sempre trabalhei os sete dias da semana e
talvez por isso, dificilmente enfrente horas no trânsito para poder passar uns
dias na praia. Com o tempo, mesmo a contragosto, minha família foi se acostumando
a isso.
Sempre
me incomodaram as pessoas que trabalham e ficam pensando quando é o próximo
feriado. No verão é uma loucura, temos no máximo três dias úteis, pois segunda
os caras estão detonados do final de semana e produzem pouco, e na sexta-feira só
pensam em acabar o expediente para irem para praia, assim terça, quarta e
quinta são os melhores dias, os outros uma dureza.
A única
coisa que sempre me incomodou, mais do que isso, é que a maioria das pessoas
deseja esse descanso apenas para elas e para os seus, para os outros ela quer
trabalho. Ela quer ter um restaurante aberto, um ônibus, táxi, avião,
funcionando, um supermercado aberto. O mesmo direito a lazer não é concedido
aos demais. Quando falamos em fechar o comércio aos domingos, sempre há resistência,
pois para muitas pessoas, não há graça nenhuma em “folgar” se não tem ninguém
para servi-lo, para lhe atender.
Mas,
também o meu objetivo não é fazer uma crítica a esse modo de pensar, e nem
aprofundar essa questão, o que demandaria mais argumentos e uma analise mais
profunda. O Objetivo real é reconhecer e agradecer as pessoas que trabalham
enquanto os outros descansam, que privam-se de estar com suas famílias aos
finais de semana e feriados, para manter o roda andando. Pessoas que mesmo em
um domingo de final de feriado, as 6h00 da manhã estão a postos para cumprir
com o seu dever, exercer seu trabalho, com dignidade.
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